8 de janeiro: perícia identifica que três golpistas invadiram duas sedes diferentes dos Poderes

Perícia feita pela Polícia Federal no material genético dos invasores do 8 de janeiro concluiu que pelo menos três golpistas invadiram duas das sedes dos três Poderes, em Brasília. A análise foi feita em garrafas, bitucas de cigarro, roupas e demais itens que ficaram para trás no Palácio do Planalto, Congresso e Supremo Tribunal Federal. O trabalho foi realizado por profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC).


Os peritos conseguiram identificar o mesmo perfil genético em um vestígio de sangue coletado na área externa do térreo do Palácio do Planalto e também em uma máscara descartável que estava no primeiro pavimento do STF. Em outro caso, o material foi reconhecido na área interna do térreo do Planalto e na cúpula externa da Câmara dos Deputados.


O terceiro DNA coincidente estava em uma embalagem de água de coco e copo descartável encontrados no segundo piso do Planalto e em uma mancha de sangue na vidraça da fachada oeste do STF.


A partir desse material, foram feitas inserções das informações no Banco Nacional de Perfis Genéticos, interligado às bases estaduais, e comparações com o DNA dos presos em flagrante pelos ataques golpistas. A coleta de saliva, digital e fotografia dessas pessoas foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, a pedido da PF. Após a análise, foi constatado que os materiais genéticos não correspondem a nenhum dos 1.388 presos na ocasião. Investigadores agora tentam descobrir a identidade desses suspeitos.


Mais de mil vestígios recolhidos

O trabalho dos peritos começou no dia seguinte aos atos antidemocráticos, nas dependências e redondezas dos três prédios públicos. Após o isolamento e a preservação dos locais, os policiais federais passaram a buscar pelas chamadas células epiteliais, espécie de revestimento de proteção do corpo, e até mesmo de gordura. Ao todo, mais de mil vestígios foram recolhidos em peças de roupas deixadas pelos vândalos, como bonés, camisas e meias, e em objetos onde houve contato e consequentemente transferência de tecidos, como canetas, óculos, pentes e bitucas de cigarros.

 




Também foram utilizadas como fontes de análise fluidos de saliva deixados em copos, garrafas e telefones celulares e ainda resíduos de impressão digital depositados em superfícies tocadas pelos homens e mulheres que participaram dos atos antidemocráticos. Além de compilarem as informações no chamado “Laudo de Perícia Criminal — Local de Crime”, cerca de 50 agentes fotografaram e filmaram os lugares, inclusive com o auxílio de drones, e também mediram as dependências da Praça dos Três Poderes com equipamento de scanner 3D.


Todo o material recolhido foi apreendido, embalado, lacrado e encaminhado a setores do instituto de criminalística para exames laboratoriais complementares: Perícia em Genética Forense, Perícia Química e Perícia Documentoscópica. Diante das análises dos profissionais, foi possível extrair, dos quase mil vestígios biológicos coletados, 176 perfis considerados completos por serem geneticamente comparáveis e incontestes.


Com o confronto, 47 perfis foram coincidentes com presos encaminhados a cadeias do Distrito Federal e compõem provas incontestáveis da presença deles nos locais examinados. No entanto, as 129 amostras restantes não deram “match” e ficarão armazenadas até o fim da prescrição penal ou pedido de retirada do banco, podendo ser utilizadas sempre que for necessário.

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