O ano de 2024 entrou para a história como o mais letal para profissionais da mídia, com 179 mortes registradas em 25 países, de acordo com o relatório anual da Press Emblem Campaign (PEC). Quase três quartos das fatalidades ocorreram em zonas de conflito, sendo o Oriente Médio o epicentro desse cenário trágico, principalmente na Faixa de Gaza, onde 80 jornalistas perderam suas vidas.
A escalada de violência em Gaza, após o início das hostilidades em 7 de outubro de 2023, resultou em pelo menos 161 mortes de profissionais da mídia, um “número sem precedentes em um período tão curto”, lamentou a PEC. O presidente da organização, Blaise Lempen, classificou os dados como alarmantes e reforçou a necessidade de um instrumento internacional para garantir a proteção dos jornalistas em áreas de conflito.
“Esse elevado número de mortes, o maior desde o início do século, evidencia a urgência de medidas para salvaguardar a profissão”, afirmou Lempen.
Além do Oriente Médio, a guerra na Ucrânia contribuiu significativamente para o número de vítimas. Dezenove jornalistas ucranianos, muitos dos quais haviam se alistado no exército, e um correspondente estrangeiro, Ryan Evans, da Reuters, foram mortos em 2024. Outra fatalidade marcante foi a morte da jornalista ucraniana Victoria Rochtchina, que faleceu sob custódia na Rússia.
Fora dessas zonas de conflito, o Paquistão se destacou negativamente, registrando 12 mortes de jornalistas, indicando uma “clara deterioração da segurança para profissionais da mídia”, segundo a PEC. O México, historicamente perigoso para a profissão, registrou sete mortes, enquanto Rússia, Bangladesh, Sudão, Índia e Colômbia completaram a lista de países com números expressivos de jornalistas mortos.
Violência global
A PEC ressaltou que, nos últimos dez anos, 1.159 jornalistas perderam suas vidas ao redor do mundo, uma média de 2,25 por semana. Nos últimos cinco anos, os locais mais perigosos para a profissão foram Gaza/Cisjordânia (166 mortes), Ucrânia (59), México (55), Paquistão (36) e Índia (32).
Diferentemente de outras organizações, a PEC inclui em suas estatísticas todos os jornalistas mortos, independentemente de estarem exercendo sua função no momento do óbito. “Sem investigações completas e independentes, muitas vezes é impossível determinar a relação direta entre a profissão e o crime”, explicou a organização.
Chamado por justiça e proteção
A PEC condenou veementemente os ataques contra jornalistas e pediu investigações rigorosas e independentes para combater a impunidade. Segundo a entidade, dezembro foi particularmente trágico, com 20 mortes registradas apenas nesse mês.
O relatório concluiu com um apelo para que governos, instituições internacionais e a sociedade civil reconheçam a importância de proteger os jornalistas. “Sem uma imprensa livre e segura, a verdade e a democracia são as maiores vítimas”, afirmou Lempen.
Números de mortes por país em 2024
- Gaza: 80
- Ucrânia: 21
- Paquistão: 12
- Rússia: 7
- México: 7
- Bangladesh: 7
- Sudão: 6
- Índia: 4
- Colômbia: 4
- Iraque: 3
- Mianmar: 3
- Outros países (Somália, RDC, Haiti, etc.): entre 1 e 2 mortes.