Com pandemia, templo mais antigo de Tóquio barra visita, mas mantém ‘papelzinho da sorte’

Em tempos de pandemia de Covid-19, o “omikuji” localizado no templo budista Sensoji, o mais antigo e tradicional de Tóquio, é uma tentativa de os japoneses acreditarem, a depender da sorte tirada, que toda essa tempestade sanitária um dia vai acabar. A visita ao local, uma das principais atrações turísticas da anfitriã das Olimpíadas, está vetada desde o ano passado devido ao coronavírus.


Construído na área de Asakusa, recebe por ano cerca de 30 milhões de pessoas, de acordo com as autoridades locais. É parada obrigatória para quem visita Tóquio. O “omikuji”, tradição dos templos no Japão, algo como “loteria sagrada”, nada mais é do que um papelzinho da sorte.


Por 100 ienes (R$ 5), o visitante segue um rito: coloca a moeda, depois balança uma lata e retira uma das varetas de dentro. Com o número escrito nele, busca a referida gaveta e retira o primeiro papel disponível.




Se a mensagem for positiva, guarda-se no bolso. Caso seja negativa, é só amarrá-la em uma das balizas do local com o objetivo de deixá-la para trás. Os irmãos Koki Sato, 24, e Honoka Sato, 20, saíram de Osaka para visitar Tóquio nesta quarta-feira (28). Koki comemorou e levou o papelzinho para casa, enquanto Honoka teve de amarrar a mensagem para esquecê-la de vez.


Quem passa por ali nem faz ideia de que um evento esportivo como as Olimpíadas ocorre na cidade desde semana passada. A maioria dos japoneses não queria os Jogos, mas a “bolha olímpica” criada para separar as competições da população, proibida de assisti-las nas arenas, contribui para esse cenário.


Na região do templo, apenas uma lojinha oferece, e ainda assim discretamente, camisetas oficiais das Olimpíadas. O que se via ali eram excursões de estudantes, além de casais e mulheres de quimonos com ventiladores mini-portáteis para suportar a alta temperatura do verão local nessa época do ano.


A charmosa rua Nakamise, uma das mais antigas da cidade e onde fica o Sensoji, abriga 90 lojinhas em um corredor de 250 metros. Vende-se de tudo: quimono, sandálias, souvenirs, cremes e hashis.


Sem o turismo estrangeiro, e com sua principal atração, em homenagem à deusa Kannon, fechada, o templo busca de alguma maneira atrair a visita de japoneses em meio ao estado de emergência imposto a Tóquio e a recordes de casos diários. A pandemia já custou empregos nas áreas de alimentação e viagens, e as vagas informais foram as mais afetadas -cerca de 750 mil desde o ano passado.


Nesta quarta-feira, mais de 3.000 casos de Covid foram registrados em 24 horas, algo que assusta as autoridades. Ao todo, a doença já matou 15,1 mil pessoas no país e infectou oficialmente 883 mil.


Mesmo sob estado de emergência, Tóquio mantém uma certa rotina. Metrôs estão cheios, e estabelecimentos funcionam normalmente. Gerente de uma loja de souvenirs na Nakamise, Yasuhiro Hiruta conta que o impacto econômico do coronavírus para quem depende de negócios na área do templo mais famoso do Japão foi enorme. Ao saber que a reportagem era de um jornal brasileiro, ficou eufórico, chamando de “maravilhosa” a skatista Rayssa Leal, 13, medalha de prata em Tóquio.


Das mesmas dificuldades econômicas reclamam os vendedores de ningoyaki, famoso docinho japonês assado na hora, com forminhas de desenho e recheados com pasta de feijão. Ali, uma unidade sai por 60 ienes (R$ 3) e 5 por 200 (R$ 9). A região do Sensoji oferece muitas outras opções gastronômicas, desde comida tradicional local, como um prato com 12 peças de sushi por 2.100 ienes (R$ 98), a massas.


Na porta dos restaurantes, réplicas buscam dar uma noção aos clientes, em especial os que não falam japonês, do que pode aparecer à mesa. Na maioria das lojas localizadas nas vielas que cercam a Nakamise, o item de sucesso, porém, não são as iguarias japonesas. Nos comércios, um produto reina nas prateleiras: máscaras. De todas as opções e cores.

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