Zema sugere “vista grossa” de governo Lula com ato golpista em Brasília

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sugeriu nesta segunda-feira (16), sem apresentar provas, que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez “vista grossa” para o risco de depredação de prédios públicos, em Brasília, “para que o pior acontecesse e ele se fizessem posteriormente de vítima”.

Zema, que chegou a se reunir com Lula e outros governadores após o ato golpista, admitiu se tratar de uma “suposição” e defendeu uma investigação. Como argumento, o governador mineiro citou a atuação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foi, na sua avaliação, “previamente comunicado e não se mobilizou”.


— Me parece que houve um erro de uma direita radical, que, lembrando, é uma minoria. E houve um erro também, talvez até proposital, do governo federal, que fez vista grossa para que o pior acontecesse e ele se fizessem posteriormente de vítima. É uma mera suposição. Mas as investigações é que vão apontar se foi isso mesmo que aconteceu ou não, porque o que se demostrou naquele domingo foi uma lerdeza gigantesca de quem está ali para poder defender as instituições — afirmou Zema em entrevista à Rádio Gaúcha.


O GSI é alvo de desconfiança do entorno de Lula. Como mostrou O GLOBO, dos 80 integrantes de cargos de confiança que compõem o órgão, apenas sete foram exonerados desde a posse do petista — menos de 10% do total. A avaliação de ministros do governo é que os militares responsáveis por zelar pela sede do Poder Executivo foram ineficientes durante os atos terroristas sem precedentes na história do país.




Críticas a Moraes

Na entrevista, Zema também criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e citou como exemplos o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o bloqueio de contas de políticos nas redes sociais, no âmbito das investigações sobre os ato golpista. O governador declarou que o afastamento de Ibaneis “foi prematuro, desnecessário e injusto”.


— Eu julgo que, em várias ações que ele (Moraes) tem feito, realmente ele tem excedido. Uma delas, na minha opinião, é o afastamento do governador do Distrito Federal, que pode até ter tido algum erro, mas não é motivo para você simplesmente afastá-lo do cargo. Quem de nós que não tem erro? E se teve erro com certeza teve erro também do Gabinete de Segurança Institucional, que é do governo federal, fica subordinado ao Ministério da Justiça.


Ao ser questionado sobre o bloqueio do perfil do deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG), Zema saiu em defesa do parlamentar:


— O direito de se manifestar, de não concordar sempre é legítimo numa democracia. Estamos assistindo a uma arbitrariedade gigante na minha opinião. Uma coisa é desinformação, invasão, quebra-quebra. Os culpados precisam ser punidos. E outra coisa é você ter uma posição diferente.


O governador também citou a necessidade de uma separação entre quem participou dos atos golpistas em Brasília de manifestações “ordeiras” e que “não afetam o direito de ir e vir”:


— Confundir um cidadão de bem com um depredador é um erro gravíssimo. Que se prenda, que se puna, exemplarmente, aquelas pessoas que fizeram essa depredação, o vandalismo que condeno totalmente. Agora, você estender isso para aqueles que estão se manifestando de forma ordeira, de forma que não afeta o direito de ir e vir de ninguém é uma situação muito distinta. Estão confundindo alho com bugalhos.


Zema também foi questionado sobre a reunião com Lula e outros governadores em Brasília após o ato. Ele argumentou a defesa da democracia une o governo federal e os estados, apesar de ter discordâncias com o governo do petista.


— Essa reunião foi simbólica. Não foi para decidir nada. Não foi deliberativa. Teve o único e exclusivo objetivo de repudiar aquilo que aconteceu. Isso deixa claro que, no momento de defendermos a democracia, tanto governo federal quando governadores estamos unidos. A democracia é um grande patrimônio e, apesar da minha discordância com vários pontos desse atual governo federal, eu defendo a democracia. Estive lá para condenar esses atos, que são deploráveis, e não para apoiar o governo federal ou as medidas que o Supremo tem adotado — enfatizou.

Veja também

Paulo Câmara e Geraldo Júlio voltam para o Tribunal de Contas de Pernambuco

PERNAMBUCO

Paulo Câmara e Geraldo Júlio voltam para o Tribunal de Contas de Pernambuco

EBC reencontrará seu propósito, diz nova presidenta Kariane Costa

governo lula

EBC reencontrará seu propósito, diz nova presidenta Kariane Costa


Waiting..

Breaking News Breaking News

Learn More →