Lira discute solução para PEC dos Precatórios com STF, e Fux sinaliza que aguardará Congresso

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luiz Fux, afirmou ao deputado Arthur Lira (PP-AL), que comanda a Câmara, que a corte deverá aguardar uma definição a respeito da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) sobre o parcelamento dos precatórios no Congresso antes de tomar uma decisão sobre o assunto.

Fux e Lira se reuniram na tarde desta terça-feira (24), em encontro que não estava previsto nas agendas de ambos, para discutir o tema. Ao final, o presidente da Câmara se limitou a afirmar que está em busca de uma solução para a questão.

Já o Supremo soltou uma nota em que afirma que o presidente da corte “sugeriu” a Lira que o STF irá aguardar “o andamento da PEC no Congresso”, para só depois definir se instala uma mesa de negociação entre estados e governo federal para negociar o parcelamento das dívidas judiciais entre os entes da federação.

Na semana passada, a AGU (Advocacia-Geral da União) pediu para o STF suspender o pagamento da dívida de R$ 8,7 bilhões que o Executivo federal tem com a Bahia e sinalizou que fará solicitação similar em relação a Pernambuco, Ceará e Amazonas. Ao todo, o montante em discussão chega a R$ 15,6 bilhões, o equivalente a 26% do total em precatórios que o governo tem a pagar em 2022.

Além de requerer a suspensão do pagamento relativo ao Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério), a AGU também pediu para o presidente da corte, Luiz Fux, abrir uma mesa de conciliação com os estados para as partes negociarem, por exemplo, um pagamento parcelado do valor que a União deve aos entes da federação.

Outra preocupação do governo diz respeito a uma eventual decisão do STF no sentido de declarar inconstitucional uma proposta que permita o pagamento parcelado dos precatórios previstos para o ano que vem.

Esse cenário é temido pela equipe econômica porque a PEC tem sido vista pelo Executivo como uma solução para ampliar as despesas sem estourar o teto de gastos. Caso o Congresso aprove e o STF não derrube a medida, o governo estará autorizado a parcelar em dez anos todos os precatórios com valor superior a R$ 66 milhões.

Ela também cria uma regra temporária para parcelar débitos sempre que o valor desses passivos superar 2,6% da receita líquida. Para 2022, está previsto o parcelamento de todos os débitos judiciais com valor superior a R$ 455 mil.





Na avaliação da IFI (Instituição Fiscal Independente, ligada ao Senado), o texto representa uma burla ao teto de gastos e abre caminho para a criação de um Orçamento paralelo.

A nota técnica conclui que os efeitos negativos da PEC sobre os juros e a dívida pública serão relevantes e poderão anular potenciais ganhos de curto prazo promovidos pelo texto do governo.

O documento, assinado pelos diretores da IFI Felipe Salto e Daniel Couri, afirma que a PEC não traz nenhum avanço em termos de ajuste fiscal para abrir espaço no teto, regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação. Segundo eles, a margem é criada apenas pela falta de pagamento imediato de um gasto obrigatória como o precatório.

Em evento da XP Investimentos na manhã desta terça, o presidente da Câmara defendeu a proposta e disse que não vai afetar o teto de gastos. “O Congresso não deu sequer uma vírgula de possibilidade que desse a entender que iria romper o teto de gastos.”

“Nós temos que enfrentar este tema. Vamos discutir esta semana com os diversos setores do governo, envolvendo o Ministério da Economia, Banco Central, Casa Civil, Câmara e Senado, para que, obedecendo a responsabilidade para afirmar que não é para atender a um interesse de A ou B de recebimento de um precatório que a gente vai excepcionalizar um ano de se pagar o precatório acima do teto. Não”, afirmou.

Lira defende a PEC e nega se tratar de um calote. “Não haverá calote no Brasil. O Brasil não suporta, não admite e não é um país de república de bananas para ir por este caminho”, ressaltou.

Veja também

Crise hídrica pressionará inflação, diz Campos Neto
Crise

Crise hídrica pressionará inflação, diz Campos Neto

Bolsa sobe com otimismo por vacinas contra Covid e alta do minério
mercado

Bolsa sobe com otimismo por vacinas contra Covid e alta do minério


Waiting..

Breaking News Breaking News

Learn More →