Depois de ser barrado no comando de um batalhão por pressão do Palácio do Planalto, o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid ganhou uma nova função no Exército. Desde o início de fevereiro, ele ocupa um posto na direção do Comando de Operações Terrestres (Coter), em Brasília.
Cid passou a atuar na chefia do Preparo da Força Terrestre e tem, entre suas funções, verificar se as tropas estão em condições de atuação. No novo posto, o tenente-coronel não exerce função de comando e tem um papel administrativo, embora mantenha contato direto com a tropa.
Um dos mais influentes assessores de Bolsonaro durante os quatro anos de governo, Cid foi um dos motivos que levaram o ex-comandante do Exército Júlio César Arruda a ser demitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 21 de janeiro.
Cid estava designado para o comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia (GO). O Palácio do Planalto já havia indicado ao então comandante do Exército que esperava que a nomeação do ex-assessor de Bolsonaro fosse anulada, uma vez que Cid é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). General Arruda, porém, não fez a mudança, alegando que decisões administrativas do Exército cabia ao comandante.
Em 24 de janeiro, três dias após o general Tomás Miguel Paiva Ribeiro assumir o comando do Exército, Cid acabou sendo barrado do comando. Em reunião com o general Tomás, de acordo com relatos de militares, o comandante teria convencido Cid, que o contexto político não era favorável e, portanto, um afastamento seria uma melhor saída tanto para o próprio tenente-coronel quanto para o Exército neste momento de crise.
De acordo com militares com conhecimento da conversa, Cid concordou em perder o batalhão. Ao não impor resistência, o tenente-coronel poderá em 2024 participar de processos seletivos para outros postos comandos e até mesmo assumir o 1º Batalhão de Goiânia se encerradas as investigações.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro assumiria o 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em fevereiro e ficaria por dois anos. Cid foi designado para o posto em maio do ano passado, após passar por um processo de seleção iniciado em setembro de 2021.
Oficialmente, Cid apresentou um requerimento solicitando o adiamento para assumir o comando do batalhão para defender nas ações nas quais é alvo de investigação. O pedido já foi deferido pelo Comando do Exército. O criminalista Rodrigo Roca, que advoga para o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), assumiu a defesa do militar
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