A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) emitiu nesta quarta-feira (22) uma nota em critica a fala em que o presidente Lula (PT) afirmou que não deve seguir a lista tríplice, relação de três nomes elaborada pelo Ministério Público Federal (MPF), para indicar um novo procurador-geral da República. Em entrevista ao Brasil 247 nesta terça-feira (21), o petista disse que fará indicações para o Supremo Tribunal Federal (STF) e para a PGR sem dar ouvidos à influências externas, e afirmou não ter “compromisso oficial com ninguém”.
De acordo com a entidade, a lista tríplice é um processo de escolha que seleciona os melhores postulantes ao cargo e, por isso, deveria ser respeitada pelo presidente.
“Segundo a associação, ao tratar a decisão como uma escolha pessoal, Lula “abre mão da transparência necessária ao processo e se desvincula da preocupação com a autonomia da instituição e com a independência do PGR”.
Na entrevista desta terça-feira, Lula afirmou que sua decisão se pautava nos desdobramentos da Operação Lava-Jato que teria, segundo ele, destruído a imagem do Ministério Público Federal.
— Única coisa que tenho certeza é que eu não vou escolher mais lista tríplice. E o Ministério Público Federal tem que saber que eu não vou escolher por irresponsabilidade da força tarefa do Paraná que foi moleque, que prejudicou a imagem do Ministério Público Federal, que quase destruiu a imagem da seriedade do Ministério Público, banco de moleque responsável. Eles jogaram fora uma coisa que só eu tinha feito, escolher a lista tríplice — afirmou Lula ao Brasil 247.
Em resposta, a associação considerou a atitude como “revanche”. “É compreensível que o presidente manifeste contrariedade com os Procuradores da República que o denunciaram. O sentimento de revanche, contudo, não deveria ser a marca do estadista verdadeiramente preocupado com o fortalecimento das instituições e da democracia brasileiras”, diz trecho da nota.
A ANPR alega ainda que a atitude de Lula vai de encontro com o seu discurso de campanha quando, à época, exaltou sua decisão em seus outros dois mandatos de escolher procuradores com base na lista. A associação rebateu que o papel do MPF não se limita à Lava-Jato e que permanecerá “na defesa da lista tríplice”.
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