Durante a sessão desta terça-feira da CPI das ONGs, que investiga a liberação de recursos federais a organizações não-governamentais, Marcelo Norkey, conselheiro ambiental da área de proteção “Triunfo do Xingu”, no Pará, comparou a política conduzida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o setor com uma “câmara de gás verde”. Em suas redes sociais, o depoente costuma compartilhar postagens de integrantes da família Bolsonaro e ironizar movimentos como o dos Sem-Terra.
— (Os ribeirinhos) são vítimas dessa política ambiental. Não sabemos que palavra podem usar ou não, mas é como se fosse uma câmara de gás verde. Essas pessoas foram arrebatadas pela política ambiental que chamamos de “caixa vazia”, que é quando a gente compra o produto de outro país, ficamos ansiosos e quando abrimos, não tem nada. Essa é a política ambiental apoiada pelo governo brasileiro — afirmou Norkey na oitiva. — Do jeito que está, quanto mais floresta, mais pobreza. Essa é a realidade da Terra do Meio (unidade de conservação no Pará).
O colegiado, presidido pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM), também investiga o uso de recursos recebidos de instituições do exterior e de outros governos, a partir do ano de 2002 até a data de 1º de janeiro de 2023. Segundo o depoimento de Norkey, as entidades tiram proveito da verba destinada pelo Executivo, enquanto a população passa por dificuldades.
Embora já tenha se definido como garimpeiro no passado, Marcelo Norkey se apresenta nas redes sociais, hoje, como “produtor sustentável” e “conselheiro de duas unidades de conservação no Pará”, dizendo lutar “por uma ecologia sem hipocrisia”.
Nas postagens, ele costuma ironizar movimentos como o dos sem-terra e replicar publicações do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles e de Jair Bolsonaro e seus filhos, além de compartilhar conteúdo de outros nomes alinhados ao ex-presidente, como os deputados federais Osmar Terra (MDB-RS) e Bia Kicis (PL-DF).
Norkey também já participou de eventos no Instituto General Villas Bôas, que se tornou uma espécie de “think tank” informal do bolsonarismo, como mostrou a colunista do GLOBO Malu Gaspar no ano passado. Na ocasião, palestrou sobre “o extrativismo mineral sustentável”, chamado por ele de “um sonho possível”.
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