Vice-presidente nacional de Relações Federativas do PSB, o prefeito do Recife, João Campos, foi alvo de atenção especial do PDT, que abdicou de uma candidatura do deputado federal Túlio Gadêlha, em 2020, em nome de uma aliança com o PSB na corrida pela PCR. Passado aquele pleito, João chegou a dar declarações em tom de que seria um dos pontos de resistência a uma aliança nacional do PSB com o PT, mas a construção para que os socialistas apoiem o ex-presidente Lula avançou.
Com isso, o desafio do PDT passou a ser montar um palanque para o presidenciável Ciro Gomes no Estado, tendo Isabella de Roldão na condição de vice-prefeita do Recife e com a sigla ainda ocupando espaços na gestão Paulo Câmara. No meio desse embaraço, ontem, João Campos fez um gesto na direção do partido. O gestor ofereceu almoço, às 13h, na sede da PCR, ao presidente estadual do PDT, Wolney Queiroz.
A política nacional e os reflexos em Pernambuco, naturalmente, foram à pauta. Nos últimos dias, a possibilidade de os pedetistas abrirem mão de um palanque para Ciro no Estado passou a ser ventilada. Como condição para isso, se considera a hipótese de o PDT ser contemplado numa chapa majoritária a ser encabeçada pelo PSB na corrida pelo Palácio das Princesas. A tese, que vem sendo tratada nos bastidores, como a coluna cantara a pedra, tem a ver com o partido, eventualmente, ocupar uma vaga para o Senado e o nome cotado é o de Wolney.
O aceno de João ao dirigente estadual se dá nesse contexto. Indagado pela coluna sobre a conversa, Wolney foi sucinto: “Foi uma sinalização muito positiva, de quem quer prestigiar o PDT e manter a aliança que foi celebrada em 2020, com Isabella na vice”. E arrematou: “Ele falou detalhadamente da gestão e dos projetos dele para os próximos três anos”.
Na esteira, João falou ao telefone com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. Recentemente, Isabella, primeira mulher a assumir a gestão, em função da viagem de João para a COP26, recebeu Danilo Cabral e André Figueiredo, além de Wolney em almoço na PCR. Os laços entre PDT e PSB são estreitos e, na iminência de um racha, o PSB parece cair em campo.
Lupi quer ver o prefeito
Carlos Lupi costuma dedicar entusiasmados elogios ao herdeiro de Eduardo Campos e fez questão de participar pessoalmente da campanha de João Campos em 2020. Ontem, ao falar por telefone com o gestor, informou que pretende estar no Recife, se possível ainda este ano, para uma conversa com ele.
Respingo > Quando o ex-juiz Sergio Moro declarou, no último domingo, durante lançamento do seu livro “Contra o Sistema da Corrupção”, no Recife, que o governo Michel Temer também teve “alguns problemas em relação à integridade”, quem estava na plateia era o ex-ministro da Educação da referida gestão, Mendonça Filho, do DEM, sigla que encampou fusão com o PSL.
Detalhe > A presença de Mendonça no evento de Moro se deu dois dias após Luciano Bivar, escolhido para presidir o União Brasil nacionalmente, ir à mesa com o ex-juiz em São Paulo. Em jogo, está uma articulação para a corrida presidencial.
Solenidade > O advogado e jurista José Cavalcanti Neves recebe homenagem póstuma na Alepe na próxima quinta, às 18h. Ele foi voz que não se calou, denunciou e se posicionou contra as prisões abusivas, torturas e violência praticadas durante a ditadura.