Presidenciáveis adaptam linguagem e exploram prioridades de campanha em podcasts próprios

Na tentativa de fidelizar seu eleitorado, os presidenciáveis têm utilizado um novo caminho, aliado a vídeos, memes e tuítes, para se conectar com o público: os podcasts. O formato, em ascensão no Brasil, recebe atenção especial do PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e do MDB, da senadora Simone Tebet (MS): ambos buscam explorar o dia a dia do partido, suas pautas prioritárias e as agendas dos seus pré-candidatos.

Ciro Gomes, postulante ao Planalto pelo PDT, têm aproveitado conteúdos de suas redes sociais, além de entrevistas, enquanto o ex-juiz Sergio Moro lançou recentemente seu programa, com direito a trocadilho e, por enquanto, publicou somente um episódio.


O interesse pelo formato, que permite conversas informais e diretas, ficou evidente com a presença recente da maioria dos pré-candidatos em programas já consagrados. Lula, por exemplo, foi ao Podpah, em dezembro, e teve mais de 292 mil acessos simultâneos na transmissão ao vivo da conversa no YouTube.

Antes, em setembro, ele já havia participado do programa apresentado pelo rapper Mano Brow, o “Mano a Mano”. Moro, por sua vez, foi ao Flow Podcast em janeiro e tentou adotar perfil menos formal e mais conservador. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e Ciro Gomes, que soma mais de 2,5 milhões de visualizações no Flow, também já haviam participado no ano passado.


Por meio da Rádio PT, o Partido dos Trabalhadores tem buscado se posicionar em assuntos estratégicos para a sigla. No início deste mês, por exemplo, começaram as gravações dos primeiros episódios de um podcast do PT voltado para o público evangélico, na tentativa de aproximá-lo de Lula. Além disso, é publicado diariamente um pequeno programa, de cerca de dois a cinco minutos, batizado de “PT Informa”, uma espécie de boletim que repercute temas em debate no noticiário, como o aumento do preço dos combustíveis, projetos em tramitação no Congresso e a guerra na Ucrânia.


Já no Jornal Rádio PT, que costuma ter maior duração, integrantes do partido tratam de pautas prioritárias, como feminismo, a luta LGBTQIA+ e outros movimentos sociais, além de assuntos econômicos e políticos. O espaço é explorado pelo ex-presidente Lula com a publicação de suas entrevistas e com a repercussão de seus movimentos políticos, como as viagens que o petista tem feito a outros países.

 




O MDB, de Simone Tebet, também tem dedicado produção especial para o formato. A legenda publica o MDB Cast, um programa de cinco a dez minutos de duração que aborda as decisões e o dia a dia do partido. Um dos episódios, por exemplo, expõe a opção emedebista de não formar federação com nenhuma outra sigla, mas investir nas alianças para a senadora, pré-candidata à Presidência. Ela foi uma das vozes do podcast, que também teve a participação do presidente nacional do MDB, o deputado Baleia Rossi (SP).


A senadora, inclusive, tem sido presença frequente no MDB Cast. Dos nove episódios publicados neste ano, Tebet esteve presente em oito. Em seis deles, a pré-campanha da parlamentar foi o tema principal. Um deles, inclusive, tem a presença do ex-presidente Michel Temer, um dos caciques do partido, que endossa sua corrida presidencial.


O pré-candidato do Podemos, Sergio Moro, foi outro presidenciável a se aventurar no mundo dos podcasts. Sua particularidade, no entanto, é que ele é o único que apresenta um programa pensado especialmente para este formado. No fim de fevereiro, foi lançado o “deMorô”, programa de áudio que conta com um único episódio publicado até o momento.


O trocadilho no nome faz parte da nova imagem que o ex-juiz da Lava-Jato vem tentando adotar durante sua pré-campanha, menos formal e mais próxima do eleitorado mais jovem. Na publicação que anunciou seu primeiro episódio, uma conversa sobre Doenças Raras, mandou recado irônico ao ex-presidente Lula, alvo de sua atuação na operação: “Para escutar em qualquer lugar. Menos no sítio ou no triplex”, escreveu, em referência aos processos que investigaram o petista.


A linha descontraída é a mesma adotada por Ciro Gomes, que vai concorrer ao Planalto pelo PDT. Dentre o conteúdo publicado em sua plataforma, Ciro.cast, estão entrevistas concedidas a veículos jornalísticos e trechos do Ciro Games, programa inaugurado já durante sua pré-campanha, transmitido ao vivo nas redes sociais e republicado em formato de áudio. Na atração, o pedetista busca se aproximar de outros conteúdos produzidos por streamers online, como os chamados reacts, em que o apresentador reage a determinado conteúdo durante a live.


Na contramão dos programas voltados para os presidenciáveis, porém, está o governador João Doria, que busca chegar ao Planalto pelo PSDB. Sem conteúdo específico para sua atuação, ele conta com o perfil oficial do Governo de São Paulo, que publica constantemente trechos de coletivas e discursos do tucano, além de feitos de sua administração à frente do estado.


Dentre os pré-candidatos com melhor desempenho na corrida presidencial, porém, o presidente Jair Bolsonaro é o único que não tem presença no formato. Seu último envio em uma das principais plataformas de podcasts é de fevereiro de 2020, o único publicado por ele naquele ano. Sua principal aposta tem sido nas redes sociais — no fim de janeiro, ele anunciou seu novo aplicativo, o Bolsonaro TV, que reúne suas publicações feitas em diferentes plataformas, como YouTube, Telegram, Twitter e Instagram. 

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