Piora externa prevalece ante anúncio de contenção do Orçamento e taxas sobem

Os juros futuros fecharam a sexta-feira em alta. A trajetória de baixa que prevalecia nos juros futuros até o meio da tarde não se sustentou, pressionadas pelo desmonte de posições vendidas antes do fim de semana.


O alívio proporcionado pelo anúncio de R$ 15 bilhões em recursos do Orçamento que serão congelados para reforçar o cumprimento da meta fiscal de 2024, já limitado na primeira etapa, se esvaiu durante a sessão, dando lugar a preocupações sobre incertezas com a eleição americana e possíveis consequências do apagão cibernético.


A escalada do dólar para R$ 5,60, que eleva os receios com o cenário inflacionário, também assustou o mercado, pressionado ainda pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries. No balanço da semana, todas as taxas subiram.




No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,685%, estável ante o ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2026, em 11,48%, de 11,40% ontem. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,73%, de 11,65%, e a do DI para janeiro de 2029, taxa de 12,05%, de 11,96%.


O giro de contratos cresceu no fim do dia, sugerindo zeragem de posições vendidas que haviam sido montadas na esteira do anúncio da contenção dos R$ 15 bilhões, feito ontem pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.


O montante ficou acima do consenso das estimativas de R$ 12 bilhões e foi bem recebido, mas o impacto foi sendo suavizado pela piora do ambiente externo, até desaparecer no fim da tarde.


“Conforme vai se aproximando o fim de semana, o mercado vai se acautelando, ainda mais nesse contexto do apagão. Ninguém quer ficar posicionado em risco. É a postura padrão”, explica o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.


Uma falha na atualização do software da empresa americana de cibersegurança CrowdStrike afetou o sistema operacional da Microsoft, comprometendo sistemas de companhias aéreas, serviços de saúde e no setor financeiro, entre outros.


O bug foi considerado a maior paralisação tecnológica da história, de acordo com a imprensa internacional.


O crescente risco eleitoral nos EUA também contribuiu para a postura defensiva, dado o aumento da pressão democrata para que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desista da reeleição.


Os yields dos Treasuries avançaram, mas de forma limitada pela expectativa de que o Federal Reserve comece a cortar juros em setembro. No fim da tarde, o retorno da T-note de 10 anos subia a 4,238%.


Internamente, o número da contenção no Orçamento veio melhor do que o esperado, mas bem aquém do que o mercado acredita que seria necessário – em torno de R$ 26 bilhões – para dar segurança ao cumprimento da meta.


“Olhando de forma isolada os R$ 15 bi, não dá para dizer muito porque a meta fiscal é a soma de diversos esforços. Tem mais relatórios bimestrais para acontecer ao longo do ano e tem também o que vai sair de concreto daquela sinalização do Haddad de desaceleração dos gastos obrigatórios, do número de R$ 25,9 bi”, afirma Beto Saadia, diretor da Nomos Investimentos.


As contas públicas foram tema da reunião de economistas com diretores do Banco Central hoje em São Paulo. Embora tenham avaliado positivamente o congelamento de R$ 15 bilhões, é consenso que será insuficiente para zerar o déficit em 2024 – o que pode levar a uma alteração da meta.


Outro assunto na pauta do encontro foi o câmbio, com analistas já mencionando revisões para cima nas projeções de inflação de 2024, que ficaram entre 4% e um pouco acima deste nível.


A depender da persistência do dólar em níveis elevados, não somente pode ser fechado o espaço para a retomada dos cortes da Selic como pode ganhar força a discussão sobre uma eventual retomada das altas. O dólar à vista fechou hoje em R$ 5,6039.

Veja também

Wall Street fecha no vermelho após apagão global

Wall Street

Wall Street fecha no vermelho após apagão global

Em dia de cautela global, Ibovespa fica estável, mas cai quase 1% na semana

índice de preços

Em dia de cautela global, Ibovespa fica estável, mas cai quase 1% na semana


Waiting..

Breaking News Breaking News

Learn More →