O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou presença na convenção partidária do MDB que oficializa a chapa do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e do coronel da reserva da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo (PL), nas eleições municipais de 2024.
O evento está marcado para o dia 3 de agosto, a partir das 10h, no estacionamento principal da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Mello Araújo é uma indicação pessoal de Bolsonaro. Ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado (Ceagesp), o militar costuma reproduzir o discurso de seu líder nas redes sociais, como, por exemplo, ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação brasileiro e críticas a políticas de saúde na pandemia de Covid-19.
Apesar de o cenário não indicar qualquer surpresa, a campanha de Nunes pretende fazer do evento uma demonstração de força política, reunindo caciques partidários de todos os 12 partidos que apoiam a reeleição do prefeito.
O presidente do diretório municipal do MDB, Enrico Misasi, declara ainda que há “simbolismo” no local que abriga o encontro: foi na Alesp que Mário Covas (PSDB) lançou a sua candidatura vitoriosa ao governo, em 1994.
Nesta segunda-feira (22), Mello Araújo foi oficializado pelo PL como nome escolhido para ser vice na chapa de Nunes em São Paulo. Bolsonaro não esteve presente.
O prefeito, por outro lado, compareceu ao evento no Salão Nobre da Câmara Municipal e fez um discurso com ataques ao seu principal adversário no momento, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), sem citá-lo nominalmente.
“Quero agradecer a cada um dos senhores por (me) dar esse voto de confiança. Para que a gente possa dar continuidade ao trabalho e vencer esse invasor, esse vagabundo, esse sem-vergonha” disse Nunes.
Desconforto na “frente ampla”
A indicação de Mello Araújo para a vaga de vice enfrentou resistências tanto no entorno do prefeito quanto entre lideranças dos partidos da aliança.
O militar foi percebido como um nome radical que pode facilitar a tarefa de adversários em polarizar a campanha, associando Nunes ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Além disso, o coronel da PM nunca foi testado nas urnas, e seu potencial de agregação de votos é considerado incerto.
Os principais focos de insatisfação com a escolha passaram pelo União Brasil, que ainda não confirmou a entrada na coligação, além do Solidariedade e do Progressistas. O acerto, no entanto, se tornou irreversível depois que o governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), um dos principais aliados de Nunes, endossou a preferência de Bolsonaro.
A dobradinha se deve à entrada de Pablo Marçal (PRTB) na disputa — o ex-coach fez acenos ao PL e a Bolsonaro em Brasília e ameaçou tirar votos do prefeito no eleitorado conservador.
Nunes aparece na liderança da pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada em 8 de julho, empatado tecnicamente com Boulos. No cenário mais amplo, o prefeito marca 24% das intenções de voto, contra 23% do deputado do PSOL.
A margem de erro é de três pontos percentuais. A coligação de Nunes envolve MDB, PL, PSD, Republicanos, Progressistas, Podemos, Solidariedade, PRD, Agir, Mobiliza e Avante, e ainda pode receber o reforço do União Brasil.
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