Mercado de trabalho: desafios da transição do ensino médio para a vida profissional

O mercado de trabalho vem sendo uma preocupação crescente para os jovens durante os últimos anos do ensino médio, momento em que as inquietações sobre a profissão que vão seguir após a formatura estão muito presentes. As dúvidas marcam o momento final da trajetória secundarista e o período pode ser caracterizado pela tensão e pela ansiedade. Psicólogos orientam sobre o melhor caminho para lidar com a transição e dão dicas para chegar à escolha profissional.


A preocupação dos terceiranistas, quanto às ocupações que vão exercer depois do fim do último ano letivo, se justificam quando observamos o aumento do número de jovens, entre 18 e 24 anos, que ainda não encontraram um caminho e, por isso, se enquadram no termo “nem-nem”: nem estudam, nem trabalham.  

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2024, sobre os dados coletados em 2023, os brasileiros que não possuíam uma ocupação nessa faixa etária representava 19,8%. Seguidos por 15,3% dos jovens que trabalhavam e estudavam, 39,4% dos que apenas trabalhavam e 25,5% que se dedicavam somente aos estudos. 

Desafios

No recorte regional da pesquisa, o índice de desemprego em Pernambuco ficou em 13,4% no ano passado, ultrapassando a média nacional de 7,9%. A estatística assusta quem está se preparando para o mercado de trabalho, após a formação do ensino médio.  

A psicóloga e especialista em carreiras Alessandra Reis atribui esse dado à renda familiar baixa e à falta de perspectiva de continuar estudando. Quanto à inserção no mercado de trabalho, a especialista destaca como obstáculos as exigências dos empregadores e a desconexão entre a grade curricular das escolas e o mercado de trabalho.

“Muitos jovens não veem valor em continuar estudando e, em consequência, acabam ficando fora do espaço merecido de trabalho por causa da baixa escolarização”, destaca Alessandra, acrescentando ainda que, na maioria das vezes, a grade curricular em exercício nas escolas não contempla questões voltadas ao mercado de trabalho, resultando num despreparo, tanto psicológico quanto de capacitação, já que o momento se refere a uma transição de ambientes. 



Letícia Braga, terceiranista, de 17 anos, confessou que já se sentiu perdida neste último ano letivo e falou sobre a sensação de receio de sair da escola. 

Letícia Braga, estudante do 3º ano do ensino médio do EREM Silva Jardim.


“Esse sentimento de estar perdida, de se sentir perdida, eu já tive várias vezes. Porque querendo ou não, como alunos que estão saindo desse ambiente escolar, acabamos tendo esse sentimento de medo. Se realmente eu vou conseguir cumprir todas as minhas metas, tanto profissional, quanto pessoal”, revelou.   


Jovens em Ação 

Pensando nisso, a Coordenação de Responsabilidade Socioambiental do Plaza Shopping lançou a segunda edição do programa “Jovens em Ação: meu futuro, meu trabalho”. O objetivo é conscientizar os jovens sobre a importância da vida profissional e de como se preparar para a inserção no mundo do trabalho. 

“As oficinas vão prepará-los para o mundo do trabalho, ampliando seus conhecimentos por meio do desenvolvimento de metodologia aplicada. Queremos estimular o desejo de ingresso, permanência e ascensão no mundo do trabalho. Temos a expectativa de atingir até 50 perfis por escola”, destaca a coordenadora de Responsabilidade Socioambiental do Plaza, Jakeline Soares.

O Jovens em Ação busca orientar os terceiranistas das escolas de referência José Vilela e Silva Jardim, na Zona Norte do Recife. 

Jakeline Soares, coordenadora de Responsabilidade Socioambiental do PlazaEscreva a legenda aqui


O programa conta com oficinas que abordam temas como: “Você e o Mercado de Trabalho: habilidades e competências no mundo do trabalho”, “Aprofundando seu conhecimento: apresentar estratégias de preparação para inserção no mercado de trabalho” e “Como me manter empregável: superando os desafios do acesso, permanência e ascensão no mercado de trabalho”.

Sofia Ferreira, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio da Escola de Referência Silva Jardim e participante do projeto, falou sobre as preocupações que marcam o seu último ano.

“A ansiedade acabou me acompanhando desde o início desse processo, porque é uma grande mudança. Você está saindo de uma área segura, que é a estabilidade do colégio, para um futuro que só vai depender de você, das suas escolhas, das oportunidades. Então, a insegurança é muito forte”, disse Sofia, que pretende cursar jornalismo e conciliar os estudos com o trabalho. 

Sofia Ferreira, 17 anos, cursando o 3º do ensino médio.

Autoconhecimento

A escolha sobre qual caminho seguir é uma das reflexões mais presentes, e às vezes desafiadoras, na vida de quem finaliza o ensino médio. Carolina Conde, psicóloga e facilitadora do programa, diz que o autoconhecimento é imprescindível para o momento da escolha da profissão.


“É muito importante que o aluno saiba quem ele é e o que ele quer, além do que ele pensa que pode alcançar, para assim desenvolver uma expectativa de carreira”, pontuou.  


Alessandra Reis também levanta esse ponto, destacando o autoconhecimento como fundamental, não só para a escolha da profissão, mas também para o desenvolvimento da futura carreira. Ela frisa a necessidade de identificar as aptidões prévias que o jovem pode ter, a fim de auxiliar no processo e tomar uma decisão mais assertiva. 

Arte:Greg/Folha de Pernambuco.


Ainda de acordo com Alessandra, que trabalha com o atendimento clínico voltado para a consultoria de carreiras, testes de personalidade e o levantamento de possibilidades profissionais fazem parte das ferramentas utilizadas no atendimento para a orientação.  

“Às vezes, desde a infância, existe um padrão nas brincadeiras, do que você imaginava de profissão. Então, a gente vai trabalhar isso e depois vai fazer essa análise de casamento, se a pessoa se vê trabalhando em ambientes abertos ou fechados, e ir fazendo essas associações”, disse a especialista. 


Exigências  

Além da certeza quanto à ocupação desejada, o mercado de trabalho exige uma experiência que quem acabou de finalizar o ensino médio não possui. Alessandra sinaliza a importância das empresas oportunizarem essa primeira experiência e explica a vantagem. 

“Já trabalhei em RH e dava prioridade aos que não tinham experiência nenhuma. O formar pessoas é uma grande vantagem para as empresas, já que terão uma mente presente e atenta, disposta a aprender os processos internos daquela organização.” 


Cursos técnicos 

A capacitação pode ser uma estratégia para driblar a falta de experiência no mercado de trabalho. Cursos técnicos e extracurriculares podem ajudar a deixar o currículo mais atrativo. Ana Dias, Diretora de Educação do SENAI-PE, fala dos cursos técnicos como uma alternativa para uma capacitação mais rápida após a formação. 

“Entre as vantagens dos cursos técnicos está a possibilidade de iniciar sua trajetória profissional de forma mais rápida, na medida em que a prática vivenciada por eles permite adquirir conhecimentos técnicos específicos daquela área, o que acelera e possibilita uma maior empregabilidade”, pontuou. 


Qualificação

Os cursos de qualificação também podem ser um caminho para quem busca uma capacitação mais curta. O Governo de Pernambuco, em parceria com o SENAI, lançou o Trilhatec.

O programa oferece cursos de formação profissional e deve contemplar estudantes do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), com cursos presenciais e à distância em todas as regiões do Estado. Serão 49 cursos ofertados; as inscrições são gratuitas e acontecem de forma online, no site.

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