Panorama da terceira via: os prós e contras de Doria, Leite, Ciro e Tebet

O xadrez eleitoral teve uma quinta-feira de movimentações intensas e reviravoltas, antes do fim da janela partidária nesta sexta, e do prazo para desincompatibilização, no sábado. Ao deixar o Podemos e se filiar ao União Brasil, o ex-juiz Sergio Moro anunciou que desistira “neste momento” de se lançar à Presidência.

Outro gesto de repercussão foi a manutenção da candidatura de João Doria, apesar de não conseguir decolar nas pesquisas e estar desgastado no PSDB. Durante o dia, o ex-governador de São Paulo sinalizou que abriria mão de concorrer, mas recuou. Seu colega de partido Eduardo Leite renunciou ao cargo de governador (RS) e articula apoio de grupo de legendas para disputar a Presidência.


A saída de Moro, o nome da terceira via mais bem colocado nas pesquisas, e a fragilidade da pré-candidatura de Doria estreitam as alternativas desse segmento.  O MDB, da pré-candidata e senadora Simone Tebet, não descarta uma aliança com PSDB e União Brasil para lançar um único candidato da terceira via. Isolado, o ex-ministo Ciro Gomes (PDT) corre por fora.

 




Veja os prós e contras de cada ums desses nomes:


O pedetista é o nome da terceira via com o maior patamar de intenções de voto, e com desempenho estável, ao redor de 8%, com variações dentro da margem de erro. Segundo o Datafolha, Ciro é um dos únicos — o outro era Sergio Moro, que retirou seu nome da disputa — a atingir dois dígitos em alguns segmentos. No caso de Ciro, isso ocorre entre eleitores com ensino superior, onde chega a 11%, e numa faixa anterior ao topo da pirâmide de renda, formada por aqueles com remuneração familiar de cinco a dez salários mínimos, onde ele alcançou 12%.


A taxa de rejeição do pré-candidato do PDT, embora não seja das mais altas, chegou a 23% na pesquisa Datafolha de março, acima de outros nomes que tentam se viabilizar em alternativa a Lula e Bolsonaro. Outro empecilho é a dificuldade para crescer no Nordeste, região de seu reduto eleitoral, o Ceará, e onde o pedetista atuou, como ministro, no projeto de transposição do Rio São Francisco. Diante da concorrência de Lula, o mais forte na região, Ciro não passou de 7% na última pesquisa.


O gaúcho, que oficializou ontem sua renúncia ao governo do Rio Grande do Sul, busca herdar a candidatura do PSDB postando em apoios internos, de alas do partido insatisfeitas com Doria, e de outras siglas da terceira via. Leite é visto com simpatia por integrantes do União Brasil e do MDB, além do PSD, que não tem participado de conversas por uma convergência, mas chegou a convidar o gaúcho para se filiar. Nas pesquisas, um dos principais trunfos de Leite foi a rejeição relativamente baixa, de 14%, já sendo conhecido por metade do eleitorado.


Na última pesquisa Datafolha, Leite teve 3% das intenções de voto na região Sul, seu reduto eleitoral, quando teve seu desempenho medido contra as pré-candidaturas de outras siglas. O desempenho foi numericamente igual ao de Doria na região em cenário semelhante, o que lançou dúvidas sobre o potencial de crescimento do gaúcho frente ao colega. Além disso, pesa contra ele o fato de o PSDB ter reafirmado ontem, em carta endereçada a Doria, que respeitará o resultado das prévias.


Doria pode usar na campanha o fato de a CoronaVac, primeira vacina aplicada no Brasil, ter sido desenvolvida pelo governo de São Paulo, além de dados do crescimento econômico do estado. Uma eventual corrida ao Planalto teria à disposição parte dos R$ 315 milhões que o PSDB deve ter de fundo eleitoral. Doria registrou seu melhor desempenho, segundo o Datafolha, no estrato mais rico do eleitorado. Com 2% das intenções de voto gerais, ele chegou a 5% na faixa dos que têm renda superior a dez salários mínimos. O segmento com maior entrada de Doria é justamente o que terá uma fatia de 10% de eleitorado “órfão” com a saída de Moro, o que abre a possibilidade de um avanço do tucano.


Segundo o Datafolha, 30% dos eleitores rejeitam Doria, que já é conhecido por oito em cada dez entrevistados — uma combinação que torna desafiador o crescimento. O cenário interno também é turbulento: além de Eduardo Leite ainda se colocar como um nome, lideranças como Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE) defendem alternativas. As idas e vindas de ontem criaram um clima de desconfiança também com o agora governador Rodrigo Garcia.


A senadora do MDB tem, assim como Leite, bom trânsito com lideranças de partidos da terceira via que buscam uma candidatura presidencial única, como União Brasil e PSDB. Tebet tem a menor rejeição entre os pré-candidatos já apresentados por esse conjunto de siglas, com 12%. Conta ainda a favor da emedebista o fato de seu partido ser tradicionalmente o mais capilarizado, com grande contingente de parlamentares e a maior rede de prefeitos pelo país: foram mais de 770 eleitos no último pleito municipal, em 2020.


Em que pese a baixa rejeição, Tebet apresenta uma elevada taxa de desconhecimento do eleitorado. Segundo o Datafolha, mesmo com a notoriedade da CPI da Covid no Senado, na qual Tebet teve postura atuante, ela é conhecida por apenas 30% dos eleitores, dentre os quais só 3% dizem conhecê-la “muito bem”. Os números, além de lançarem um desafio para a campanha, trazem incerteza sobre um eventual avanço de sua rejeição, algo habitual quando candidatos se tornam mais conhecidos.

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