CNBB defende democracia e critica tentativas de colocar em xeque sistema eleitoral

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou, nesta sexta-feira, uma carta em defesa do processo democrático nas eleições, da conquista do voto e dos direitos dos trabalhadores e dos pobres. O documento, assinado por quatro bispos da entidade, afirma que “tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e a conquista irrevogável do voto”. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro.


“Não existe alternativa no campo democrático fora da política com a ativa participação no processo eleitoral. Tentativas de ruptura da ordem institucional, hoje propagadas abertamente, buscam colocar em xeque a lisura do processo eleitoral e a conquista irrevogável do voto”, aponta o texto.


E segue:


“Tumultuar o processo político, fomentar o caos e estimular ações autoritárias não são, em definitivo, projeto de interesse do povo brasileiro. Reiteramos nosso apoio às Instituições da República, particularmente aos servidores públicos, que se dedicam em garantir a transparência e a integridade das eleições”, afirma a CNBB, que não cita nominalmente o presidente.


A carta também diz que há “duas ameaças que merecem atenção especial”. A primeira, segundo os bispos, é a manipulação religiosa que é protagonizada por políticos que e coloca um “projeto de poder sem afinidade com os valores do evangelho de Jesus Cristo”.


“A segunda é a disseminação das fake news, que através da mentira e do ódio, falseia a realidade. Carregando em si o perigoso potencial de manipular consciências, elas modificam a vontade popular, afrontam a democracia e viabilizam, fraudulentamente, projetos orquestrados de poder”, alertam os religiosos.


Assinam o documento Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler, Dom Mário Antônio da Silva e Dom Joel Portella Amado.




Ainda de acordo com a CNBB, diante do cenário enfrentado, inclusive com a pandemia de Covid-19, o que se espera dos governantes são “grandes e urgentes mudanças, em harmonia com os poderes da República, atendo-se aos princípios e aos valores da Constituição de 1988”. A carta pede que “não se permita a perda de direitos dos trabalhadores e dos pobres, grande maioria da população brasileira”.


Na quarta-feira, durante cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que é preciso ter a participação das Forças Armadas para que haja “confiança” no sistema eleitoral.


— Não precisamos de voto impresso para garantir a lisura das eleições. Mas precisamos de ter uma maneira, e ali nessas nove sugestões (do Ministério da Defesa) existe essa maneira, para a gente confiar nas eleições — disse.


O presidente também afirmou esperar que o TSE “dê uma resposta às sugestões das Forças Armadas”, mencionando especificamente a criação de uma “sala secreta” para que as Forças Armadas possam “contar os votos do Brasil”.

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