O ano de 2024 foi um turbilhão de emoções para João Fonseca, sensação do tênis brasileiro aos 18 anos e hoje número 145 do mundo. O carioca impressionou ao chegar às quartas de final do Rio Open, em fevereiro, o que foi determinante para que mudasse os rumos de sua carreira, trocando a vida universitária nos Estados Unidos pelo circuito profissional. Após colher os frutos como calouro, ele será o primeiro brasileiro a disputar o Next Gen Finals — torneio que reúne os oito melhores da temporada com até 20 anos — a partir de hoje, em Jidá, na Arábia Saudita.
E o adversário na estreia (não antes das 14h10, no horário de Brasília, com transmissão da ESPN 2 e do Disney+) traz boas lembranças para João Fonseca, que conseguiu a oitava e última vaga no apagar das luzes. Trata-se do francês Arthur Fils, 20º do mundo e melhor ranqueado do Next Gen, que perdeu para o brasileiro no Rio. O momento é outro, porém. Fils teve uma temporada de afirmação e conquistou dois torneios 500, em Hamburgo e Tóquio. Considerado da morte, o grupo conta também com outro conhecido de Fonseca: o americano Learner Tien, que perdeu a final do US Open juvenil de 2023 para o brasileiro. O tcheco Jakub Mensik fecha a chave, cujos dois melhores colocados após a fase de grupos avançarão à semifinal.
— Comecei o ano entre os 700 e vou terminar entre os 150, um grande salto. Foi uma temporada de muito aprendizado, mas, principalmente, de maturidade para encarar o circuito como um profissional mesmo. O resultado no Rio Open mudou a minha carreira. Mais pessoas passaram a me conhecer. Eu continuei com minha rotina, meus objetivos, sempre procurando evoluir — destaca João em entrevista ao Globo.
Preparado após ajustes
O desempenho no Rio Open levou a uma mudança no planejamento da comissão técnica de João para a temporada. Logo depois de jogar o torneio no Jockey e de tomar a decisão de correr o circuito profissional, o tenista e seu treinador, Guilherme Teixeira, preteriram um possível convite do Masters 1000 de Miami para jogar os Challengers — torneios de nível inferior de pontuação — de Santiago e Assunção. À época, a estratégia apontou para uma certa cautela no processo de desenvolvimento de João e dividiu opiniões.
— Meu treinador fez um calendário equilibrando os grandes torneios e os Challengers para não pular etapas, mas seguindo o ritmo do circuito. Com o ranking que tenho hoje, a gente não consegue fazer um plano de calendário a longo prazo. Preciso ver em que torneio entro, se tenho convite, se faz sentido jogar… São muitas variáveis — explica.
As chances em torneios de maior peso apareceram. João participou de dois ATPs 250 (Estoril e Bucareste) e de um 500 (Halle), foi à segundada rodada no Masters 1000 de Madri e disputou os qualifyings de Wimbledon e do US Open. Também venceu dois confrontos representando o Brasil na Copa Davis, em setembro. Antes disso, no fim de julho, conquistou seu primeiro título, no Challenger de Lexington, nos Estados Unidos.
A expectativa de um futuro brilhante leva a comparações com ninguém menos que Gustavo Kuerten, tricampeão em Roland Garros. Apesar da humildade, João não se intimida:
— Olho para o Guga como uma grande inspiração. Ele chegou aonde quero chegar, que é ao número 1 do mundo. Cada um tem a sua história, e estou apenas começando a construir a minha.
A disputa do Next Gen Finals colocará novamente à prova a resistência física de João Fonseca, que sentiu, em um primeiro momento, o aumento de intensidade após a transição para o circuito profissional. Ele e sua equipe têm trabalhado para que esse aspecto não seja um obstáculo agora em Jidá e ao longo do próximo ano.
— Além do quali de Grand Slam, o grande objetivo (para 2024) sempre foi o Next Gen. Entrei na última hora e tenho expectativas altas — projeta João. — Treinei muito bem no Rio, e estou preparado após ajustes finais.
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