Alvo de um processo de cassação recente, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo, recebeu um aceno de um dos políticos mais influentes de Minas Gerais — o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD). Do mesmo partido do prefeito Fuad Noman, com quem Azevedo coleciona estranhamentos, o senador esteve na Casa Legislativa da capital mineira nesta sexta-feira, onde elogiou Azevedo.
Durante o encontro, o presidente do Senado se disse “muito tranquilo” por saber que a Câmara de Belo Horizonte é comandada por Azevedo:
— Um dos quadros de maior inteligência da política de Minas Gerais. Pode contar comigo no Senado Federal para a gente trabalhar juntos em busca de soluções para Belo Horizonte, que eu sei que você ama muito, como eu amo muito. Conta comigo — disse Pacheco ao vereador.
Azevedo, por sua vez, agradeceu o apoio e se referiu ao senador como “amigo” e “exemplo de boa política”. Desde o último dia 4, o presidente da Câmara de BH se tornou alvo de um processo de cassação por abuso de poder político.
Entenda a denúncia contra o vereador
A crise começou há exatamente um mês quando, no início de agosto, o presidente da Câmara chamou dois políticos do PDT de “resto de ontem” e “lambe-botas”. A ocasião ocorreu durante reunião com o secretário municipal de Governo Josué Valadão e o vereador Wagner Ferreira, ambos filiados ao PDT.
Irritado com o projeto apresentado pela prefeitura para o terreno do Aeroporto Carlos Prates, o presidente da Câmara disparou:
— Para de brincar com a Câmara Municipal. Talvez, se o senhor elegesse um lambe-botas do PDT (para a presidência) — disse.
O episódio gerou grande mal-estar na Casa Legislativa e um pedido de cassação por quebra de decoro foi protocolado contra Azevedo no último dia 23. No dia seguinte, 24, o corregedor Marcos Crispim (PSC) teria arquivado o pedido.
Neste contexto, emergiram duas versões: Crispim alega que um assessor de Azevedo teria fraudado a sua assinatura para efetuar a manobra, o que foi dito inclusive à Polícia Civil, em boletim registrado na corporação. Do outro lado, Azevedo alega que não houve fraude e que o corregedor assinou o documento eletronicamente.
Para provar isso, gravou Crispim. Em suposto áudio, Crispim teria assumido que foi coagido pelo secretário de Governo da prefeitura, Castellar Neto, a simular toda a situação. Castellar é um dos secretários ligados a Marcelo Aro. A medida teria sido tomada como uma espécie de correção, já que o arquivamento não teria agradado os aliados do parlamentar do PSC.
Em meio às acusações, a antiga aliada do atual presidente da Câmara de Belo Horizonte, a deputada federal Nely Aquino (Podemos) protocolou um pedido de afastamento e cassação contra Azevedo. A Casa aceitou o pedido e instaurou o procedimento com 26 votos favoráveis e 14 abstenções.
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