Amazonia 1: satélite 100% brasileiro possibilitou imagens comparativas da maior enchente da história

Imagens impressionantes feitas por satélite mostraram a dimensão da tragédia provocada pelas inundações no Rio Grande do Sul. O conteúdo foi capturado pelo Amazonia 1, equipamento completamente brasileiro operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), projetado para tirar fotos de alta resolução de todo o território nacional.


O Amazonia 1 produz imagens para o monitoramento ambiental e da agricultura em todo o território brasileiro com uma alta taxa de revisita. Isso significa que muito mais imagens de um mesmo local são produzidas, possibilitando comparações mais precisas para estudos ecológicos e de tragédias naturais como a que ocorre no Sul.


A nave é capaz de fazer o monitoramento da região costeira, reservatórios de água, desastres ambientais, entre outras aplicações. Para isso, o Amazonia 1 fica em uma órbita polar para gerar imagens do planeta a cada cinco dias. O equipamento conta com uma câmera com três bandas de frequências no espectro visível e uma banda próxima do infravermelho, capaz de observar uma faixa de 850 km com 64 metros de resolução.


O satélite já está há dois anos em órbita, metade da vida útil prevista para o equipamento. Ele pesa cerca de 640 kg, tendo 2,5m de altura, e uma envergadura de aproximadamente 7,5m com os painéis solares abertos. Equipamentos estão interconectados através de 6 quilômetros de cabos, e os painéis solares possuem mais de 6m² de área, o que permite gerar uma potência da ordem de 1.000 watts.


As naves da série Amazonia serão formados por dois módulos independentes: um Módulo de Serviço, que é a Plataforma Multimissão (PMM), e um Módulo de Carga Útil, que abriga câmeras imageadoras e equipamentos de gravação e transmissão de dados de imagens.

 




O Brasil já lançou outros seis satélites de sensoriamento remoto, mas o Amazonia 1 é o primeiro totalmente completamente projetado, integrado, testado e operado pelo país. A Missão Amazonia prevê o lançamento de mais dois satélites, o Amazônia-1B e o Amazônia-2. Os dados serão enviados à base espacial de Alcântara (MA), Cuiabá (MT) e Cachoeira Paulista (SP) — na última, a partir de uma coordenação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) , em São José dos Campos.


Um satélite com tecnologia 100% nacional era um sonho antigo do governo federal. O projeto começou a ser idealizado em 2009 pelo Inpe, com a esperança que o Brasil pudesse reduzir sua dependência de imagens de satélites estrangeiros já em 2011, data prevista de seu primeiro lançamento. Porém, seu desenvolvimento demorou mais do que o inicialmente previsto e a nave só foi para o espaço mesmo em 2021.

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