Ao lado de Guedes, Bolsonaro fala em confiança e diz que não fará ‘aventura’ com Auxílio Brasil

Ao lado do ministro Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira (22) que tem “confiança absoluta” no titular da Economia, e que o governo não fará “nenhuma aventura” com o Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família.

“Deixo claro a todos os senhores. Esse valor [R$ 400] decidido por nós tem responsabilidade. Não faremos nenhuma aventura, não queremos colocar em risco nada no tocante a economia”, afirmou o presidente.

A declaração foi dada a jornalistas no auditório do Ministério da Economia. Bolsonaro fez a visita fora da agenda ao titular da pasta, acompanhado da ministra da articulação política, Flávia Arruda, que não participou do pronunciamento.

O encontro ocorreu depois de uma crise gerada pela debandada de secretários de Guedes, motivada pela manobra no teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas federais, para pagar R$ 400 de Auxílio Brasil.

A previsão era que Bolsonaro fosse ao gabinete de Guedes acompanhado da ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, que lidera a articulação política do governo.

“É uma pessoa que conheci bem antes das eleições, que nós nos entendemos muito bem. Tenho confiança absoluta nele e ele também entende as aflições que o governo passa”, disse Bolsonaro, num gesto ao ministro.

Apesar de o chefe do Executivo ter dito na quinta-feira (21) também que Guedes continuaria no governo, os rumores sobre uma eventual saída do ministro continuaram.




Na coletiva de imprensa nesta sexta-feira, o titular da Economia afirmou categoricamente que não pediu demissão e que o presidente não teria indicado pedir o cargo.

“Sei que o presidente não pediu isso, porque acredito que ele confia em mim e eu confio nele, mas sei que muita gente da ala politica andou oferecendo nome e fazendo pescaria”, disse o titular da Economia, ao lado de Jair Bolsonaro (sem partido), em declaração no ministério a jornalistas.

O ministro não citou nominalmente ninguém. Contudo, sabe-se que integram a ala política os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo) e João Roma (Cidadania) -todos parlamentares e defensores da solução do Auxílio Brasil de R$ 400.

A respeito do fogo amigo, das sondagens para o seu lugar, o ministro disse que não necessariamente são feitas por ministros. E sinalizou ainda que seria um movimento de pessoas contrárias ao teto de gastos.

“Existe uma legião de fura tetos, o teto é desconfortável”, disse o ministro. Pouco antes, explicou a manobra que o governo tenta fazer para mudar o cálculo do teto de gastos para abrigar o orçamento do novo Bolsa Família.

A ala política do governo ganhou queda de braço travada nas últimas semanas com a equipe econômica, e o governo propôs uma manobra que altera a fórmula de cálculo para o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas federais.

A medida deve abrir um espaço no Orçamento de 2022 de mais de R$ 80 bilhões. Com isso, o governo Bolsonaro espera pagar o Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família, de R$ 400, e um auxílio combustível para caminhoneiros.

Na noite desta quinta-feira (21), houve uma debandada na equipe de Guedes, depois da oficialização de uma manobra para driblar a regra constitucional do teto de gastos. Quatro secretários da equipe econômica pediram demissão por discordarem das decisões.

O maior representante da área que controla o Orçamento do governo, abaixo de Guedes, é o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal. Ele e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt -subordinado a Funchal-, pediram exoneração dos cargos.

O Ministério da Economia afirmou que também deixarão os cargos a secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo.

A debandada ocorreu após semanas de escalada da pressão do Palácio do Planalto sobre a equipe econômica por mais recursos, e horas após a formalização de uma proposta do governo para driblar o teto de gastos, regra que limita o crescimento das despesas públicas federais.

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