Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
Os atuais investimentos para enfrentar a crise climática não são adequados para as necessidades das crianças. Esta é a conclusão do relatório “Abaixo da Meta: Enfrentando a Crise de Financiamento Climático para Crianças”, divulgado na quinta-feira (22).
O documento produzido pelo UNicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), com a ajuda de parceiros, revela que apenas 2,4% dos principais fundos climáticos globais seguem diretrizes voltadas para a população infantil. Essa parcela representou apenas U$ 1,2 bilhão em investimentos durante um período de 17 anos.
De acordo com o Índice de Risco Climático Infantil do Unicef, mais de um bilhão de crianças tem uma probabilidade extremamente alta de sofrer com os impactos da crise climática.
O estudo considera três critérios para avaliar a adequação às necessidades dos menores: considerar os riscos específicos e elevados aos quais estão expostos, fortalecer a resiliência de serviços sociais para este grupo e capacitar as crianças como agentes de mudança.
Vozes das crianças
Maria Marshall, uma ativista climática de Barbados de 13 anos, disse que “as crianças são o futuro”, mas esse futuro “é moldado pelas ações daqueles que tomam decisões no presente”. E acrescentou que as vozes das crianças “não estão sendo ouvidas”.
Para ela, os dados do relatório reforçam que “financiar soluções climáticas é uma obrigação, mas a forma como esse dinheiro é gasto também é importante”. A ativista defende que “as necessidades e perspectivas das crianças devem ser incluídas.”
Os menores são desproporcionalmente vulneráveis à escassez de água e alimentos, doenças transmitidas pela água e traumas físicos e psicológicos, todos associados a eventos climáticos extremos.
Financiamento para “enfrentar injustiças”
O Unicef também afirma que as mudanças dos padrões climáticos estão prejudicando o acesso das crianças a serviços básicos, como educação, saúde e água potável.
De acordo com a chefe global de mudanças climáticas da organização Save the Children, Kelley Toole, as crianças, especialmente aquelas já afetadas pela desigualdade e discriminação, “fizeram o mínimo para causar a mudança climática, mas são as mais atingidas por ela”.
Para ela, o financiamento climático “oferece uma oportunidade de enfrentar essas injustiças, considerando as necessidades e perspectivas das crianças.”
O relatório foi produzido pela Iniciativa de Direitos Ambientais das Crianças (Ceri), uma coalizão composta por Unicef, Save the Children e Plan International.