Após o PT demitir o marqueteiro Augusto Fonseca, que reagiu criticando o partido, líderes já veem o chefe da comunicação da campanha do ex-presidente Lula e ex-ministro, Franklin Martins, fragilizado na sigla. A contratação do marqueteiro, que seria responsável pela propaganda do petista na eleição presidencial, foi liderada por Franklin, que há algum tempo está sem diálogo com o PT.
A saída de Fonseca, que havia sido escolhido após um processo seletivo, ocorre em meio a uma disputa interna entre o ex-ministro e o atual secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto. Um dos motivos para a briga seriam os valores do contrato de Fonseca, que chegavam a R$ 45 milhões para a campanha presidencial deste ano. Mas não só. Também havia críticas internas de que o trabalho tinha custo alto e as inserções de Lula na TV eram de “má qualidade”.
À “Folha de S.Paulo”, Fonseca disse nesta sexta-feira (22) que sua saída foi injusta e também afirmou que os ataques contra o seu trabalho eram “desculpa esfarrapada”. O marqueteiro ainda foi além e disse que é preciso revelar as causas verdadeiras de sua demissão.
“Não sou mais repórter, mas eu estaria atrás da verdade, porque nem um bebê recém-nascido engole”, disse ao jornal.
Franklin mantém-se no comando da comunicação da pré-campanha por causa da sua relação direta com Lula, de quem foi ministro da Secretaria de Comunicação Social entre 2007 e 2010. Mas, diante de uma série de conflitos acumulados nos últimos anos, nem mesmo o líder petista estaria tão entusiasmado em defendê-lo. Nos bastidores, correligionários classificam a saída de Fonseca como espécie de “desmoralização” para Franklin e há a avaliação de que não está descartada também sua saída do posto devido ao desgaste de sua relação com o partido.
Entre dirigentes há também relatos de que Franklin não se mostra disposto a contribuir para facilitar a integração das linhas de comunicação de Lula e da legenda. O clima é tão tenso que alguns integrantes da executiva petista se recusam a cumprimentá-lo. Franklin ainda vem sendo atacado por não compartilhar com a sigla os relatórios de monitoramentos de redes sociais feitos por uma empresa contratada.
Em maio do ano passado, o PT acertou a contratação de Franklin para ser o cabeça de todo o esquema de comunicação da pré-campanha. Ele foi o primeiro nome escalado na estrutura que o ex-presidente pretende montar. Desde então, recebe salário de cerca de R$ 20 mil do partido.
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