Deputados da bancada ruralista criticaram a mais recente invasão feita pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) a uma área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em Pernambuco. O episódio deu fôlego para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o MST, que deseja trazer o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para depor na terça-feira da próxima semana.
Coordenador da bancada ruralista, o deputado Pedro Lupion (PP-PR), criticou o MST e o ministro, que é deputado licenciado pelo PT de São Paulo.
“O Paulo Teixeira falou outro absurdo, falou que não foi invasão, foi protesto, como se uma coisa justificasse a outra – declarou ao Globo. A fala de Lupion faz referência a uma declaração dada pelo ministro ao site Metrópoles.
Relator da CPI do MST, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) disse que a invasão será considerada quando ele elaborar o parecer do colegiado e também servirá como uma das justificativas para prorrogar a duração da CPI. De acordo com ele, a expectativa é que a comissão ouça José Rainha, sindicalista que já foi um dos líderes do MST, na quinta-feira, e Teixeira, na próxima semana.
“Essa invasão demonstra, mais uma vez, que a versão de que eles só invadem área improdutiva é balela “, afirmou Salles.
O intuito da invasão é impedir o Semiárido show, evento do agronegócio que ocorre nesta terça-feira. De acordo com o próprio MST, a atitude foi uma reação à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O grupo reclama que o Ministério do Desenvolvimento Agrário não cumpriu o assentamento de 1550 famílias, que teria sido negociado em abril deste ano.
Durante o Abril Vermelho, quando as invasões foram intensificadas, o movimento havia invadido este mesmo terreno da Embrapa, mas acabou retirado por decisão judicial. Na ocasião, o MST afirma que solicitou certas demandas de Lula, como a concessão de seis mil hectares na região e a recriação da Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Petrolina.
As ações realizadas em abril foram justamente o motivo da oposição na Câmara articular a criação da CPI do MST.
O líder da bancada ruralista, Pedro Lupion, classificou a ação do MST como “um absurdo” e disse que eles “passaram de todos os limites”.
– Um absurdo completo. Pior ainda é eles dizerem que estão invadindo uma área de um instituto de pesquisa, que é reconhecido mundialmente pela competência, que é motivo de orgulho para todos nós, e ainda ter a coragem de dizer que isso é para pressionar o governo. É rídiculo, passaram de todos os limites. Passou da hora de serem responsabilizados por isso.
Lupion é de oposição a Lula, mas tem diálogo com setores do governo. O deputado acompanhou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e a presidente da Embrapa, Silvia Maria Fonseca, durante viagem ao Japão na semana passada. No entanto, tanto o ministro, quanto a chefe da Embrapa estão em viagem à Arábia Saudita e não comentaram o assunto ainda.
De um partido da base de Lula, o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), que faz parte da diretoria da bancada ruralista, afirmou que o governo não faz nada para conter as invasões.
– Eu não sei qual o acordo do governo com o MST, mas não vi nenhuma medida para garantir essa tranquilidade, essa segurança jurídica no campo – criticou.
– Já fazem sete meses do governo do presidente Lula e efetivamente já teria que ter sido anunciado um programa com ações concretas para garantir segurança de ter uma reforma agrária técnica, seguindo os princípios da lei – completou.
Amanhã a CPI do MST vai ser dedicada para votar requerimentos, entre eles estão pedidos de convocação de Teixeira, do presidente da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e de pessoas ligadas ao MST.
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