Análise da carteira de crédito do extinto Banco Santos feita pela consultoria BDO estimou em R$ 2,47 bilhões os ativos da massa falida da instituição, valor que seria mais do que suficiente para quitar o passivo atual do banco, estimado em R$ 1,4 bilhão pelo administrador judicial do caso.
O Banco Santos chegou a ter um passivo de aproximadamente R$ 3,5 bilhões ao todo. A instituição financeira teve sua falência decretada em 2005 e o seu dirigente, o economista e banqueiro Edemar Cid Ferreira, chegou a ser preso por gestão fraudulenta do banco.
Em 2020, a antiga mansão do banqueiro no bairro do Morumbi, em São Paulo, foi arrematada por R$ 27,5 milhões em leilão realizado para pagar os credores do Banco Santos.
Após a atual avaliação dos ativos feita pela consultoria BDO, o juiz Paulo Furtado, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, deu 15 dias para que os credores se manifestem sobre o laudo.
Segundo o administrador judicial da massa falida do banco, Vânio Aguiar, o próximo passo é formatar um certame para venda desses recebíveis a outras instituições financeiras com deságio. Se o valor arrecadado no leilão for próximo à metade do valor dado pela BDO à carteira, todos os credores do Banco Santos seriam pagos.
A avaliação feita pela BDO analisou 317 processos judiciais para precificar os recebíveis da massa falida do Banco Santos. No pior dos cenários, a consultoria avalia que os ativos valeriam R$ 2 bilhões e, no melhor, R$ 3,28 bilhões.
Em sua maioria, os processos judiciais cobram dívidas relacionadas a empréstimos e financiamentos não quitados.
O detentor dos maiores débitos em disputa é a indústria automobilística Grupo Caoa, cujo passivo com a massa falida foi avaliado em R$ 854 milhões divididos em quatro processos judiciais distintos, de longe o maior montante da carteira.
O segundo maior devedor, de acordo com o relatório, é o Grupo Veríssimo, varejista fundado pelo empresário João Alves Veríssimo, morto nos anos 1980. Entre as empresas que fizeram parte do grupo e que são processadas, está a Verpar S/A, uma das sócias do shopping Eldorado, em São Paulo.
Também aparece na lista com débitos relevantes a Hering, comprada pelo Grupo Soma em abril do ano passado. A marca de roupas tem passivos avaliados em R$ 158,8 milhões, oriundos de cinco ações judiciais.
Na carteira, há também supostos recebíveis do Grupo CCE, controlador da marca de eletroeletrônicos desaparecida em 2015. Empresas do conglomerado devem R$ 12,9 milhões à massa falida, na estimativa da BDO.
— São dívidas que se arrastaram por anos porque os devedores que têm capacidade patrimonial questionam judicialmente os valores até a última instância, são processos com andamento mais lento, mas os créditos existem. No caso da Hering, os valores da garantia superam o da dívida, por exemplo — explica Vânio Aguiar.
Segundo ele, no caso do Grupo Caoa, há negociações em andamento com os herdeiros do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, controlador do grupo, falecido em agosto de 2021.
— A avaliação feita é a primeira etapa para a carteira ir a leilão. Até maio, em um prazo otimista, esse certame já pode ser realizado. Nesse ínterim, é provável que parte dos devedores busque chegar a um acordo com a massa falida para evitar ser cobrado pela instituição financeira que arrematar a carteira — explica o advogado.
A reportagem procurou o Grupo Caoa e a Hering, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. A Verpar não foi localizada.
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