Bolsonaro desdenha de rivais de direita: “Esses caras juntam quantas pessoas no aeroporto?”

Em visita ao Congresso, onde se reuniu com a bancada do PL no Senado, Jair Bolsonaro demonstrou contrariedade com o presidente do seu partido Valdemar Costa Neto, por defender aliança com o centro para vencer as eleições de 2026.


Após ter um saldo negativo nas disputas por prefeituras, o ex-presidente afirmou ser “utopia” uma direita sem a sua liderança.


“Já tentaram várias vezes e não conseguiram. Esses caras juntam quantas pessoas no aeroporto, em um bate-papo em qualquer lugar do Brasil? Não sabem a linguagem do povo. Muitos têm uma utopia. Todos que tentaram se arvorar como líder através de likes e de lacração não chegaram a lugar nenhum.”


Nas eleições deste ano, Bolsonaro perdeu em sete das nove cidades que seu partido disputava, incluindo locais onde se empenhou diretamente, como Belo Horizonte, Goiânia e Palmas.


A lista de reveses inclui ainda Curitiba, onde o ex-presidente hipotecou seu apoio a Cristina Graeml (PMB), embora o PL integrasse a chapa de Eduardo Pimentel (PSD), que acabou eleito com larga margem.




Uma das derrotas mais emblemáticas de Bolsonaro ocorreu em Goiânia, com Fred Rodrigues (PL). O ex-presidente mergulhou de cabeça na campanha de Rodrigues, o que não impediu uma derrota para Sandro Mabel (União), candidato do governador Ronaldo Caiado, que tenta se viabilizar para o Palácio do Planalto em 2026.


As vitórias do PL em Aracaju e em Cuiabá, além do bom desempenho em Fortaleza, sugerem, na avaliação de pesquisadores, que os bolsonaristas que conseguiram ampliar alianças acabaram mais bem-sucedidos. Essa é a estratégia defendida por Valdemar para a disputa daqui a dois anos. Bolsonaro, no entanto, discorda:


“Olha, você tem que ter uma certa identidade. O que marcou a minha ida na Presidência? É que a corrupção, com todo respeito, não existiu, nós votamos ministérios técnicos.”


Apesar da declaração do ex-presidente, ele nomeou parlamentares do Centrão para ministérios, na tentativa de garantir a governabilidade.


Em entrevista ao GLOBO este mês, Valdemar defendeu uma aproximação do bolsonarismo com o centro e até com eleitores da esquerda no Nordeste para vencer a eleição de 2026.


O presidente do PL acredita que, até lá, Bolsonaro estará apto a concorrer, o que dependeria da aprovação, pelo Congresso Nacional, de uma anistia. Valdemar reconhece, porém, quer será difícil convencer o ex-presidente e seus apoiadores.

Veja também

CCJ da Câmara aprova versão final de texto que limita julgamentos do STF

DECISÕES MONOCRÁTICAS

CCJ da Câmara aprova versão final de texto que limita julgamentos do STF

Motta: Se não puder concluir tramitação da anistia antes do recesso, fica para a próxima gestão

CÂMARA

Motta: Se não puder concluir tramitação da anistia antes do recesso, fica para a próxima gestão


Waiting..