O ex-presidente Jair Bolsonaro não esteve no município de Duque de Caxias (RJ) em 13 de agosto do ano passado, data em que teria tomado a 1ª dose da vacina da Pfizer contra a Covid-19, de acordo com dados inseridos no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI).
A conclusão consta em um relatório da Controladoria-Geral da União, citado na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a busca e apreensão em endereço ligado ao ex-presidente nesta quarta-feira (3).
Pela manhã daquela data, diz o documento, o então presidente cumpriu agenda na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, em entrevista ao programa “Cara a tapa”. À tarde, marcou presença na Marcha Para Jesus na região central da cidade, onde subiu no palco às 17h30 para discursar.
Ele retornou a Brasília às 21h25 do mesmo dia, tendo sido “impossível” se deslocar até Duque de Caxias para se vacinar.
Dois meses depois, em 14 de outubro, entre o primeiro e segundo turno das eleições, Bolsonaro teria recebido a segunda dose da vacina, segundo o SI-PNI.
No entanto, “não há nenhum indicativo de que o ex-presidente tivesse comparecido à unidade de saúde para se vacinar, caso que teria sido amplamente noticiado, considerado sua notoriedade”, afirma o relatório.
Naquele dia, Bolsonaro fez uma caminhada pela cidade fluminense às 11h e voou para Belo Horizonte às 13h40. “É claro que um Presidente da República não teria como se dirigir a uma UBS do Município, sem que ninguém percebesse, para tomar uma possível segunda dose de vacina”, diz um trecho do despacho emitido pelo controlador-geral da União, Wagner Rosário.
A informação consta na decisão assinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que determinou busca e apreensão nesta quarta-feira na residência do ex-presidente.
A Polícia Federal apura a atuação de um grupo ligado ao ex-presidente que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
A suspeita da PF é que a suposta falsificação do certificado de vacinação tinha o objetivo viabilizar a entrada nos Estados Unidos de Bolsonaro, familiares e auxiliares do ex-presidente, driblando as exigências da imunização obrigatória.
Bolsonaro se negou ao longo da pandemia toda a revelar sua carteira de vacinação. Publicamente, ele dizia que não havia se imunizado, e passou anos colocando dúvidas sobre a segurança do imunizante. Incentivou seus apoiadores a não se vacinarem e chegou a associar, falsamente, a imunização contra a Covid-19 ao desenvolvimento de doenças.
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