A BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, está ampliando sua presença no Oriente Médio. A empresa anunciou um acordo para a criação de uma joint venture com a Halal Products Development Company (HPDC), uma subsidiária do Public Investment Fund, que tem por objetivo o desenvolvimento da indústria halal na Arábia Saudita. A transação ainda está sujeita à aprovação das autoridades reguladoras.
Segundo o comunicado ao mercado, a transação prevê a criação de uma sociedade na Arábia Saudita com até 70% pela BRF e até 30% pela HPDC. A joint venture atuará na produção de frangos na Arábia Saudita e promoverá a venda de produtos frescos, congelados e processados.
A joint venture contará com um investimento combinado de US$ 500 milhões, dos quais US$ 125 milhões serão aportados pela BRF e pela HPDC quando da constituição da sociedade. Os recursos restantes serão aportados de acordo com o plano de investimento a ser estabelecido pelos dois sócios. O contrato também prevê a criação de uma sede para negócios halal, um centro de inovação de alimentos halal e um centro de excelência na Arábia Saudita.
Desde a década de 70, a BRF exporta para o Oriente Médio. Em Janeiro de 2021, a empresa concluiu a aquisição da Joody Al Sharqiya Food Production Factory, primeira fábrica de produção na Arábia Saudita com uma capacidade total de 1,33 mil toneladas/ano.
Em 2019, a empresa inaugurou uma unidade em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, que consumiu US$ 155 milhões em investimentos. A fábrica, que produz marinados, pizzas, empanados e hambúrgueres, foi embargada pela Arábia Saudita e só depois de três anos pode começar a exportar frango para aquele país. O embargo caiu em julho passado.
Entre as marcas produzidas nas unidades da BRF no Oriente Médio estão Sadia, Perdix e Hilal. A marca Sadia é líder de mercado no Oriente Médio na categoria de frangos da região.
Brasil é líder em produtos halal
A BRf fornece produtos para 15 países no Oriente Médio, sendo que 78% da produção de aves da BRF é Halal, uma palavra árabe que significa “lícito, permitido”. Trata-se de um conceito que vale tanto para alimentos, quanto para produtos cosméticos e farmacêuticos que permite seu uso e consumo por muçulmanos em todo o mundo. Atualmente, quase 2 bilhões de consumidores no mundo são muçulmanos. E as estimativas apontam que em 2060 uma, em cada três pessoas, seja muçulmana.
Pela sharia, o código de leis islâmico, os muçulmanos só podem consumir produtos que se encaixem nessa categoria porque seriam aqueles permitidos por Deus. As carnes de boi, frango, caprinos e ovinos, por exemplo, podem ser consumidas, desde que o abate seja feito de forma adequada, em um ritual halal. Os animais não podem ter sofrimento no abate.
Segundo dados mais recente Relatório Global do Estado da Economia Islâmica, antes da pandemia, o Brasil era o maior exportador mundial de comida halal. Em 2019, o país exportou US$ 16,2 bilhões desses produtos, 12% a mais do que o segundo colocado, a Índia, que negociou US$ 4,4 bilhões.
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