O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) destinou, entre março e maio deste ano, R$ 24 mil da cota parlamentar em serviços prestados para a empresa de um bolsonarista que esteve nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Aliado de longa data do político goiano, João Paulo Cavalcante chegou a publicar registros na parte interna da Praça dos Três Poderes. Após as manifestações, ele também depôs à Polícia Federal (PF).
De acordo com informações que constam no portal da Transparência da Câmara dos Deputados, a empresa Goiás Online Comunicações e Marketing Publicitário LTDA recebeu, nos últimos três meses, uma quantia mensal de R$ 8 mil para realizar a divulgação das atividades parlamentares nas redes sociais de Gayer. Cavalcante é o único sócio deste CNPJ.
Em nota, Gustavo Gayer afirmou que não nenhuma ação tramita contra João Paulo Cavalcante. (Leia o posicionamento na íntegra no final da matéria).
No dia 8 de janeiro, em imagens perto da rampa do Congresso Nacional, ele entoou:
— O Brasil faz história, mais uma vez milhões de brasileiros indignados com o sistema. Nossa república não vai cair na mão de criminosos. Vem para Brasília agora, para tudo que você está fazendo.
A relação com Gayer não data de hoje. Desde 2020, quando o deputado concorreu à prefeitura de Goiânia, ele já apoiava o político. Nas redes sociais de Cavalcante, há uma série de postagens dos dois juntos. A última foi postada nesta terça-feira.
Nas eleições de 2018, o empresário chegou a tentar uma vaga na Assembleia Legislativa de Goiás, pelo PSL, mas não os 2.807 votos não foram suficientes para se eleger. Na política, ele chegou a presidir o movimento Goiânia com Bolsonaro.
O montante gasto na empresa de Cavalcante representa 23,8% do total gasto por Gayer desde o início da legislatura. O parlamentar usou R$ 100.641,54 da cota parlamentar.
O posicionamento de Gayer
“No que tange ao possível envolvimento de João Paulo Cavalcante nos atos do dia 08 de Janeiro, até a presente data não tramita nenhuma ação contra ele, não há decretação de prisão preventiva, temporária ou de qualquer outra espécie, muito pelo contrário, ele colaborou com as investigações ao depor na Polícia Federal e esclarecer o que sabia sobre o tema.
Enquanto não houver uma implicação criminal ou cível do Sr. João Paulo, que comprove sua efetiva participação, a presunção de inocência deve vigorar.
Por fim, vale ressaltar que os atos que ensejaram depredação patrimonial foram repudiados pelo Deputado Federal Gustavo Gayer, e a realidade dos fatos serão apurados na CPMI já instauradas no Congresso, que inclusive foi subscrita e apoiada por ele”.
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