Os Emirados Árabes Unidos pedirão a outros integrantes da Opep+ que aumentem o nível de produção de petróleo mais rapidamente, devido à guerra na Ucrânia, uma reviravolta dramática de posição que pode colocar o país contra os membros da aliança liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia.
“Nós somos a favor do aumento da produção e encorajaremos a Opep a considerar níveis mais altos de produção”, disse Yousef al-Otaiba, embaixador dos Emirados Árabes Unidos em Washington, em comunicado divulgado nesta quarta-feira, segundo noticiou em primeira mão o jornal Financial Times.
Após a publicação do comunicado, o petróleo tipo Brent ampliou suas perdas, caindo 11,91% por volta das 15h (hora de Brasília), sendo negociado a US$ 112,74 o barril.
Não ficou claro, porém, se os Emirados Árabes Unidos consultaram outros membros da Opep+. Procurado, o Ministério do Petróleo da Arábia Saudita ainda não se manifestou.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados até agora resistiram aos apelos da Casa Branca e de outros grandes consumidores de petróleo para aumentar a produção mais rapidamente, argumentando que o recente aumento dos preços para quase US$ 140 o barril, em Londres, é impulsionado por tensões geopolíticas, e não uma verdadeira escassez de oferta.
Em sua reunião mais recente, o cartel passou apenas 13 minutos analisando o mercado antes de decidir manter seu plano de aumentos graduais de produção. Não houve discussão sobre a principal causa dos preços altos: a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Qualquer proposta para aumentar a produção, especialmente se for vista como uma ajuda às nações ocidentais em seus esforços para se livrar do petróleo russo, tem o potencial de criar tensões dentro da OPEP+.
Em uma ligação feita na semana passada com o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou quaisquer medidas destinadas a “politizar o fornecimento global de energia”. Desde então, o Kremlin ameaçou reduzir as exportações de energia para a Europa em retaliação às sanções impostas pelos EUA e aliados.
A última vez que os Emirados Árabes Unidos pediram uma mudança na política de produção da OPEP+ foi em julho de 2021, quando o país estava pressionando por uma cota de produção individual mais alta. A Arábia Saudita inicialmente rejeitou a proposta e a briga ameaçou romper a aliança.
Eventualmente, um compromisso foi alcançado, dando aos Emirados Árabes Unidos um limite de produção mais generoso e resultando no plano atual do grupo de adicionar 400 mil barris por dia ao mercado a cada mês, um número acertado pelos países antes da invasão de Moscou à Ucrânia, para retomar gradualmente os níveis de produção pré-pandemia..
A Casa Branca vem pressionando que os principais exportadores aumentem a produção para ajudar a reduzir os preços, um esforço que deve se intensificar nos próximos dias após a decisão de banir as importações do petróleo russo.
Os contratos futuros de petróleo Brent podem subir para US$ 240 o barril neste verão se os países ocidentais impuserem sanções mais amplas às exportações de petróleo russo, de acordo com consultores do setor Rystad Energy AS.
O colapso da oferta seria a maior escassez potencial de oferta de petróleo desde a Guerra do Golfo de 1990, quando os preços do petróleo dobraram, escreveu em nota o chefe de mercados de petróleo da Rystad, Bjornar Tonhaugen.
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