A invasão chinesa no mercado automotivo brasileiro acaba de ganhar um novo capítulo. A Geely, um dos gigantes automotivos da Ásia, crava sua bandeira no Brasil com o lançamento do SUV elétrico EX5.
A chegada do modelo está marcada para julho, mas o movimento estratégico marca também o início de uma aliança de peso com a Renault.
A marca francesa vai ser a responsável por operar a chinesa por aqui, e, no futuro, até produção local no tradicional complexo industrial de São José dos Pinhais (PR). Uma jogada ousada, que promete sacudir a concorrência, especialmente BYD e GWM, que já estão acelerando por aqui.
O SUV 100% elétrico chega importado da China com uma proposta ousada: brigar de igual pra igual com nomes já estabelecidos no segmento dos eletrificados médios. A princípio, serão 23 concessionárias espalhadas por 19 cidades, com ambição declarada de alcançar 105 pontos de venda.
Mesmo sem preços ou versões reveladas, o EX5 já mostra a que veio: o motor elétrico de 218 cv, torque de 32,6 kgfm e uma bateria de 60,2 kWh, prometendo até 530 km de autonomia no ciclo chinês, que costuma ser mais generoso que o Inmetro.
Nas medidas, ele se encaixa entre os médios e grandes: 4,62 metros de comprimento, 1,90 m de largura e 2,75 m de entre-eixos.
Interior tecnológico e design limpo

Por dentro, o EX5 aposta alto no pacote tecnológico e no luxo acessível, marca registrada dos novos carros chineses. Uma tela central de 15,4 polegadas domina o painel, concentrando a maioria dos comandos do carro, auxiliada por um assistente virtual que responde a 200 comandos de voz.
O SUV conta, ainda, com ar-condicionado digital dual zone, teto solar panorâmico, pacote completo de assistências ADAS e faróis full-LED.
O visual externo conversa com o que há de mais atual no segmento, seguindo uma receita moderna com linhas limpas, perfil aerodinâmico, frente afilada e traseira com lanternas 3D.
Geely + Renault
A parceria entre Renault e Geely é daquelas que promete render nos próximos anos. A francesa abre as portas para a operação da marca chinesa no Brasil, com direito a showrooms independentes, mas compartilhando parte da estrutura da rede. Um modelo já visto na Stellantis, com RAM e Leapmotor, que parece funcionar.
Em contrapartida, a Geely vira sócia minoritária da Renault do Brasil. Um aporte financeiro, ainda sem valores revelados, que vai garantir acesso à infraestrutura local de produção, vendas e pós-venda.
“Vamos construir uma rede dedicada. Alguns pontos serão independentes e outros onde existem lojas da Renault. Haverá, claramente, uma separação. Posteriormente, as duas marcas serão concorrentes”, afirmou o CEO da Renault, Luiz Pedrucci, durante a apresentação do SUV.
Segundo Michael Gao, chefe da Geely, a expertise da Renault no mercado brasileiro é a chave para esse início com o pé direito:
“Eles têm mais de 25 anos de experiência. Com isso, a Geely chega com respaldo desde o primeiro dia”.

Produção nacional e novos modelos
O plano da marca é consolidar a marca no país e, já a partir de 2026 (ou 2027 no máximo), iniciar a produção local de dois modelos. A movimentação é uma resposta direta às rivais BYD e GWM, que já preparam fábricas nacionais e dominam o segmento dos eletrificados no Brasil.
Por enquanto, o EX5 virá importado e desembarcará pelo Porto de Paranaguá. Mas a ideia é, se a Geely entregar o que promete e a rede de concessionárias funcionar como planejado, o Brasil se tornar uma peça-chave na estratégia global da marca.
De olho na Geely
Vale lembrar que a Geely é dona da Volvo, da Lotus, da Zeekr e já está chamando atenção do mercado nacional.
Se o preço for competitivo e o pacote for tão bom quanto parece, o EX5 tem tudo para cair no gosto dos brasileiros. A briga entre os chineses promete, e o consumidor vai ganhar, e muito, com isso.