Desde que a geração de energia solar começou a ser popularizada no Brasil, pelos menos duas novas profissões surgiram para suprir o mercado: o auxiliar de instalação e o líder de instalação. Com isso, ampliou-se as ofertas de emprego, principalmente para eletrotécnicos que buscavam lugar no mercado de trabalho. Mas o setor também passou a incorporar profissionais com funções comuns a outras áreas como prospecção, vendas, pós-vendas e marketing, entre alguns exemplos.
O número de empresas em Pernambuco que fazem a comercialização, instalação e gestão de sistemas de energia solar fotovoltaica já ultrapassa a casa dos 2,5 mil, sem contar outros 7,6 mil empreendedores individuais (MEIs). A estimativa é que em 2050 a energia solar já ultrapasse a hídrica em geração de eletricidade por todo o território nacional.
A mão-de-obra especializada na área encontra espaço para atuar tanto em grandes empreendimentos – como os dois projetos aprovados recentemente pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) que vão resultar na geração de 1,3 mil vagas -, como em projetos menores voltados para pequenas empresas, condomínios e residências.
Ranking
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Estado ocupa o 13º lugar no ranking de geração distribuída de energia solar. Desde casas, condomínios e até mesmo prédios públicos, a instalação desses sistemas tem sido um caminho não só para reduzir as despesas com energia, como também para uma atuação mais direta no processo de transição energética, utilizando uma fonte de baixo carbono.
Dados como esses ajudam a entender porque o mercado, apesar de alguns empecilhos que tem encontrado por se tratar de um setor relativamente novo, inclusive no que diz respeito à regulamentação, tem crescido. As empresas de pequeno e médio porte que atendem residências, condomínios e pequenos negócios (padarias, farmácias, mercadinhos etc.), por exemplo, não têm do que reclamar.
Currículos
“Tenho quatro equipes de instalação e estou implantando a quinta. Abri uma vaga agora e não divulguei em nenhum portal de vagas, mas só no grupo do Whats-App da empresa e no Instagram recebi mais de 50 currículos. Mês passado foi o que a gente mais vendeu. Foram quase 50 clientes, um recorde”, diz o diretor comercial da Ekosolar, empresa com seis anos de mercado e que atende condomínios, residências e pequenos negócios, Felipe Lemos.
Tiago Simões, 33 anos, trabalha na Ekosolar como líder de instalação. Começou na empresa há seis anos e depois de 12 meses já foi promovido. “Eu me identifico muito com o que faço, porque gosto muito de trabalhar na rua, conhecer novas pessoas, e o salário é bom”, revela Simões.
Requisitos
O salário médio para instalador fica na faixa de R$ 2 mil líquidos. Já para líderes, a média é de R$ 4,5 mil líquidos. Para ingressar nessa área, os interessados, primeiro, devem fazer cursos técnicos de instalador de energia solar que são oferecidos por entidades como Senai de Pernambuco.
Além disso, entre os pré-requisitos para contração estão as certificações de conhecimento das Normas Regulamentadoras (NRs), do Ministério do Trabalho, número 10 – que trata da segurança em instalações e serviços em eletricidade – e a de número 35, o-brigatória para quem realiza trabalhos em altura. Para os cargos, a empresas têm dado preferência a eletricistas prediais que se especializaram.
Saber lidar com pessoas, ser gentil e polido, aliás, são características que a Galva Solar, fundada também há seis anos, também não abre mão na hora de contratar profissionais. “Além da experiência, é preciso que o candidato tenha cursos para instaladores fotovoltaicos. Se ele não tiver, a gente vai dar as NRs que precisa. Exigimos, também, que ele seja bem apessoado, que se porte bem, até porque ele vai estar na casa dos clientes. Precisa saber falar bem, ser responsável”, diz diretor executivo da empresa, Rodrigo Vasconcelos Kater.
Diferenças
Kater faz uma distinção entre as pessoas que instalam projetos de energia solar para consumo próprio e os que também querem usá-los como um investimento. Segundo ele, algumas medidas recentes fizeram com que a geração própria de energia deixasse de ser mais atrativa para quem, além de garantir sua autossuficiência, colocava as sobras do que produzia na rede de distribuição.
“A energia solar vai crescer, se expandir e continuar nessa pegada, mas não porque está em ascensão, e sim porque está se tornando uma commodity: todo mundo vai ter que ter. Ou tem ou terá. Só que vai escolher se terá daqui a dois anos e perder essa economia, que poderia ter feito, ou escolhe aderir agora e já começa a economizar”, diz Kater.
Potencial
Com média de mais de 2.200 horas de sol por ano, o Nordeste já se tornou líder na geração de energia por fontes limpas no País, com um grande potencial de ampliação e de atração de novos investidores a cada ano. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia, um sistema com painéis solares que produza 180 kWh por mês impede a emissão anual de mais de 1 tonelada de gases poluidores – substâncias que reforçam a retenção na Terra do calor transmitido pelo sol e causam o chamado aquecimento global – na comparação com outras fontes de eletricidade.
Em 10 anos, a geração de energia solar foi responsável por R$ 125,3 bilhões em investimentos em todo o território nacional. Nesse período, foram gerados 750 mil postos de trabalho. Essa taxa de crescimento, segundo os especialistas, tende a ser maior nos próximos anos com a popularização e, principalmente, com a redução dos preços desses sistemas. Além de tudo, uma de suas vantagens é poder garantir o fornecimento de uma energia limpa e mais barata em áreas do interior do Estado.
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