O calendário estipulado pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, para votar a reforma política está de pé, segundo parlamentares atentos às movimentações. O progressista definiu como “prazo fatal” o próximo dia 4 de agosto. Em Pernambuco, a expectativa em relação à aprovação do mecanismo da federação partidária ronda não só o PCdoB, mas é vista também, no PSB, como uma solução para o caso de o governador Paulo Câmara decidir se desincompatibilizar para concorrer em 2022. Motivo: nas coxias, socialistas advertem que, valendo a federação, ainda que o chefe do Executivo estadual precise deixar o cargo seis meses antes da eleição, o partido seguiria tendo o comando da sucessão, mesmo com a vice-governadora, Luciana Santos, na cadeira. Leia-se: a conta que se faz é que a legenda de maior tamanho, nesse caso, o PSB, ditaria as regras do jogo. “Se houver federação, funciona como se Luciana fosse do PSB, porque teríamos esse controle”, observa à coluna uma fonte socialista sob sigilo, admitindo que a adoção desse sistema pode vir a ser solução não só para a dificuldade de formação de chapas dos partidos.
O referido mecanismo pode evitar a extinção do PCdoB, se aproximando de uma fusão, mas garantindo autonomia e identidade à sigla. O registro no TSE se daria como partido único e o regimento deve servir para pactuar as condições, mas tanto socialistas como comunistas realçam que, naturalmente, o partido maior terá mais prerrogativas, por questões óbvias. Essa construção deve funcionar por quatro anos. A tese que prevê Luciana Santos atuando como governadora na sucessão de Paulo Câmara, caso uma federação se estabeleça, garantindo o PSB no controle do processo, surge como contraponto ao argumento de que os socialistas perderiam peso na negociação com o PT, por exemplo, caso não estejam no comando do Estado, hegemônico na sigla.
Tranquilizante para 2022
No PSB, há quem admita, nos bastidores, que, apesar de o PCdoB ser um aliado de primeira hora e da estrita confiança, a federação poderia, sim, representar uma garantia para o caso de Paulo Câmara querer concorrer. Ao mesmo tempo, há lideranças desse conjunto sublinhando que as situações mais críticas na relação do PT com o PSB foram sanadas com intermédio do PCdoB, o que não deveria
Repertório > Um dos exemplos em que o PCdoB foi determinante favor do PSB se deu em 2018, quando os socialistas atuaram para retirar a candidatura de Marília Arraes do páreo em troca de o PSB ficar neutro na corrida presidencial. A articulação toda se deu com os comunistas fazendo o meio de campo, já que, historicamente, o PCdoB tem relação de maior proximidade com o PT.
Tamo junto > Há cerca de 20 dias, Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, esteve ao lado da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, no Instituto Lula, em conversa com o ex-presidente. Na ocasião, Lula garantiu apoio do PT à federação, questão de sobrevivência para o PCdoB, única sigla que nunca deixou de apoiar Lula desde 1989.
Deslocamento > Na Frente Popular, a despeito de os Coelho terem retomado agendas com prefeitos da Região Metropolitana, ontem, com foco em 2022, ainda está de pé a missão de “deslocar” algum braço da Oposição de forma a engrossar as fileiras da ala governista de olho no pleito do ano que vem. Na bolsa de apostas do PSB, atrair o conjunto liderado por FBC ainda parece ser o plano A.