Governo brasileiro afirma que há uma campanha de desinformação contra produtos do Mercosul

Em nota divulgada, nesta segunda-feira, pela Embaixada do Brasil na França, o governo brasileiro lamentou a publicação do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, em uma rede social, sobre a decisão da empresa de suspender as compras de carnes com origem nos países do Mercosul.


O comunicado afirma ser falsa a informação de que os produtos do bloco sul-americano não têm sustentabilidade e destaca que há uma campanha de desinformação.


“O Brasil respeita, democraticamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia. Tal posição, no entanto, não pode justificar uma campanha pública baseada na disseminação generalizada de desinformação contra produtos brasileiros”.


A manifestação de Bompard, feita na última quarta-feira, gerou protestos por parte de produtores nacionais. 




Ele publicou em redes sociais uma carta enviada à Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA), entidade contrária ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, em fase de negociação.


“Em toda a França, ouvimos o desânimo e a raiva dos agricultores face ao acordo de livre-comércio proposto entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de o mercado francês ser inundado com carne que não atende às suas exigências e normas”, diz o trecho de uma carta, escrita ir Bompard, direcionada


Segundo a nota da embaixada em Paris, a declaração do chefe do grupo Carrefour “reflete entendimentos e temores infundados” sobre a sustentabilidade e a qualidade dos produtos oferecidos pelo agronegócio brasileiro, “os quais não se coadunam com a prática de negócios do próprio Carrefour que, diariamente, oferece esses mesmos produtos a seus mais de 2 milhões de consumidores brasileiros”.


O mesmo, continua o comunicado, se aplica a eventuais riscos aos produtores e consumidores europeus, causadas por importações do Mercosul.


A representação brasileira ressalta, na nota, que é falsa a declaração de que há risco de “transbordamento de carne do Mercosul no mercado francês, que não respeita as suas exigências e normas”.


Segundo o texto, a União Europeia consome 6,5 De acordo com o governo brasileiro, o acordo não vai comprometer os elevados padrões produtivos e sanitários adotados em ambas as regiões. Pressionado pelos produtores locais, o governo francês já se posicionou contra a abertura do mercado europeu para alimentos do bloco sul-americano.


“O Brasil orgulha-se de ser, há décadas, fornecedor seguro de proteína animal ao mercado europeu, bem como de sua capacidade de atender plenamente às exigências e controles sanitários de mais de 160 países, incluindo os rigorosos controles da União Europeia”, destaca o comunicado.


Ainda conforme o texto, os produtores brasileiros estão sujeitos a normas de sustentabilidade e produção frequentemente mais rigorosas do que as da UE. Por exemplo, o Código Florestal reserva entre 20 e 80% da área total das propriedades rurais para preservação da vegetação nativa (80% em todo o bioma amazônico), cifras sem paralelo na regulação ambiental europeia.


A declaração de Bompard aconteceu em meio à onda crescente de protestos promovidos por agricultores franceses contra o projeto de acordo de livre comércio entre os dois blocos. Os maiores frigoríficos brasileiros reagiram e decidiram suspender o fornecimento de carne ao grupo no país, que também comanda a rede Atacadão.

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