Líderes de partidos da base governista não endossaram as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva sobre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Em declaração à imprensa, Lula criticou os embargos econômicos dos Estados Unidos ao país vizinho e chamou de “narrativas” as acusações de que a Venezuela não vive sob um regime democrático.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, lamentou o fato de a presença de Maduro ter atraído os holofotes do encontro com líderes da América do Sul. Ele ainda definiu a afirmação de Lula como “infeliz”.
Siqueira lembra que seu partido, historicamente parceiro do PT, foi “criado contra ditaduras como a de Getúlio Vargas e da União Soviética” e tem uma tradição de “defender apenas democracias”.
Siqueira também cita o relatório de Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e alta comissária de Direitos Humanos da ONU, sobre a Venezuela como prova do autoritarismo do regime de Maduro.
Em 2019, um informe contundente assinado por Bachelet acusou o governo Maduro de “tentar neutralizar, reprimir e criminalizar a oposição política e quem critica o governo”. O documento ainda denunciou o “aumento surpreendente” de execuções extrajudiciais supostamente cometidas pelas forças de segurança, a gradual militarização das instituições do estado e as detenções arbitrárias e maus-tratos a críticos do governo.
— Sempre que formos provocados, vamos ter que nos posicionar e condenar a todos os países que desrespeitam os direitos humanos e a democracia — declarou Siqueira.
Embora evite críticas mais contundentes a Lula, o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, disse que é democrata, repudia “qualquer estado totalitário” e é contra “qualquer coisa que fustigue o estado de direito”. O partido, assim como o MDB, soma três ministérios na atual gestão.
— Não sei quais são as informações que o presidente Lula tem. Mas as nossas informações, com relação à Venezuela, (mostram) uma situação muito delicada. O União Brasil respeita as informações que o governo federal tem, mas (elas) distorcem das informações que nós temos — completou.
O GLOBO também procurou o presidente do MDB, Baleia Rossi, para comentar o assunto, mas ele não respondeu. Juliano Medeiros, que está à frente do PSOL, disse que não quer falar sobre o tema. A presidente da Rede, Heloísa Helena, também não respondeu às mensagens da reportagem.
Como mostrou o Globo, integrantes do governo avaliam que Lula deu um tiro no pé ao sair em defesa de Maduro. A atitude do petista acabou deixando em segundo plano a a reunião com os presidentes sul-americanos no Itamaraty, além de dar mais espaço à direita nas redes sociais.
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