Lira recua, aceita tramitação de MPs com comissões mistas e dá passo em direção a acordo com Pacheco

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aceitou uma proposta apresentada por líderes partidários sobre uma nova forma de tramitação das medidas provisórias, tema que gerou uma crise entre ele e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Pelo formato sugerido, as MPs poderiam começar a ser analisadas por comissões mistas, desde que sejam compostas por mais deputados do que senadores.


Pela legislação atual, 12 parlamentares de cada Casa compõem a Comissão Mista. Como Lira já defendia, a alteração prevê uma proporcionalidade três deputados para cada senador no novo formato. Além disso, o prazo de tramitação nas Comissões Mistas, na Câmara e no Senado passaria a ser estabelecido, de forma a não deixar os senadores com menos tempo de análise em uma matéria.




O acordo foi redigido em uma reunião que durou aproximadamente três horas na Residência Oficial do presidente da Câmara e contou com a presença de lideranças de partidos de todos os espectros políticos. A expectativa é que Pacheco e Lira se encontrem ainda nesta segunda para um debate sobre os pontos que são motivo de impasse. A redação de um acordo mostra uma mudança na postura de Lira, que chegou a se posicionar diametralmente contra as comissões e as definiu como “antidemocráticas”, no início do mês.


— Espero que tenhamos acordo nos próximos dois ou três dias. Debaterei esses pontos com o (presidente) Lula e com o (ministro das Relações Institucionais) Alexandre Padilha. O que não pode é este impasse prejudicar a população, impedir a votação de MPs do governo – afirmou.


De acordo com ele, o governo “tomará medidas”, caso Lira e Pacheco não cheguem a um consenso. Questionado sobre essas possíveis medidas, ele se negou a explicar de que se trataria.


— Até o momento, a única possibilidade concreta é de acordo. Eu e Lira defendemos isto com imensa boa vontade — completou.


A tramitação das MPs se tornou o principal ponto de tensão entre Lira e Pacheco nesta legislatura. Atualmente, as MPs são analisadas primeiro pelos deputados e depois vão ao Senado. A ideia dos senadores é retomar o modelo anterior, quando um colegiado composto por integrantes das duas Casas era o primeiro a se debruçar sobre os textos. Na prática, na pandemia, o poder ficou concentrado com os deputados, que tinham mais tempo para analisar os projetos, garantindo a Lira o controle da pauta. Ao propor a volta das comissões mistas, conforme previsto na Constituição, o Senado tenta retomar o protagonismo.


A crise entre os presidentes das duas Casas fez com que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrasse em campo para mediar o conflito: mesmo com pneumonia, Lula recebeu Lira na última sexta. As divergências atuais podem atrapalhar a votação de propostas de interesse do Executivo.


Em ofício enviado a Pacheco depois que o presidente do Senado determinou a retomada das comissões mistas, por uma questão de ordem apresentada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), Lira chamou a decisão de “truculenta”.


“Solicito que vossa excelência se digne a convocar sessão do Congresso Nacional a fim de que a matéria seja formal e devidamente suscitada e decidida, facultando-se, dessa forma, o contraditório, com a participação ampla de senadores da República e também deputados federais”, escreveu.


O presidente da Câmara também convocou sessão extraordinária nesta segunda para votar as MPs do governo de Jair Bolsonaro. Três delas serão votadas nesta segunda.

Veja também

Lira quer mais deputados em comissões mistas para destravar MPs

câmara

Lira quer mais deputados em comissões mistas para destravar MPs

Lula diminui ritmo, recebe auxiliares e passa a tomar medicação via oral para tratar pneumonia

Saúde

Lula diminui ritmo, recebe auxiliares e passa a tomar medicação via oral para tratar pneumonia


Waiting..

Breaking News Breaking News

Learn More →