Morre empresário Olavo Monteiro de Carvalho aos 80 anos

O empresário Olavo Monteiro de Carvalho morreu nessa quinta-feira (20) no Rio de Janeiro. Ele foi um dos grandes empresários cariocas. Era discreto, apaixonado pelo Rio, defensor do meio ambiente e um executivo à frente de seu tempo.


Olavo, que estava internado no hospital Copa Star, no Rio, sofreu um AVC. Em nota, o hospital lamentou o que chamou de “irreparável perda”.


Olavo nasceu no Rio em 24 de fevereiro de 1942. Ficou órfão do pai, Alberto Monteiro de Carvalho, aos 5 anos. A mãe, Maria de Lourdes de Salamanca y Caro, voltou para a Europa, e ele foi adotado pelos avós paternos, Alberto Monteiro de Carvalho e Silva e Beatriz. Foi educado para ser o presidente do grupo da família, o Monteiro Aranha.


Olavo estudou no Colégio Santo Inácio, no Rio de Janeiro, e se formou em Engenharia Mecânica na Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, onde chegou a estagiar na Volkswagen. Também teve passagens no J. Henry Schroder Bank, em Londres e Nova York.


Com a experiência no exterior, tornou-se diretor do Grupo Monteiro Aranha, empresa que presidiu entre 1978 a 1996. Dois anos depois de chegar ao grupo da família, conduziu a venda de metade da participação acionária da Monteiro Aranha na Volkswagen do Brasil para o governo do Kuwait.


A partir da transação da Volkswagen, o grupo, que já possuía investimentos em diversos setores, expandiu ainda mais seus negócios, que iam dos setores de telecomunicações e saneamento às áreas financeira e petroquímica.




Hoje, entre os seus principais ativos, o grupo tem fatias em empresas como a Klabin, companhia de celulose que ajudou a fundar, e o Grupo Ultra, de distribuição de combustíveis e gás. Ele deixou a presidência do grupo Monteiro Aranha em 1996, tornando-se presidente de seu Conselho de Administração.


O empresário era membro também dos conselhos de administração da Klabin e do Grupo Ultra.


Era considerado um verdadeiro “workaholic”. Acordava às 5h30m,e antes das 8h já tinha lido todos os jornais. Mas era festeiro também. Adorava promover festas em sua mansão, em Santa Tereza, para amigos e personalidades internacionais, como o cantor Mick Jagger.


Sua paixão pelo Rio e pelo Brasil o levaram a seguir caminhos paralelos ao mundo dos negócios. Ele gostava de pensar no futuro. Por isso, foi membro fundador do Instituto de Estudo para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), entidade empresarial criada no final dos anos 1980 para discutir estratégias para o desenvolvimento do Brasil. Fundou, em 1997, o Instituto Marquês de Salamanca (IMDS).


Em 2005, assumiu o comando da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), onde ficou até 2009. Em 2005, recebeu do rei da Espanha o título de conde de Los Llanos. Criou o Fórum do Rio, com o objetivo principal de formalizar micro e pequenos empreendedores.


À frente da ACRJ, Olavo participou da campanha de eleição do Cristo Redentor como uma das sete maravilhas do mundo moderno e do Conselho Executivo Rio 2016, como um dos representantes do Conselho Empresarial Rio 2016, que trabalhou pela eleição da cidade do Rio como sede da Olimpíada de 2016.


Olavo gostava também de escrever. Fez parceria com o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, e publicou o livro “A casa do empresário – Trajetória da Associação Comercial do Rio de Janeiro”, em 2009.


Apaixonado pelo meio ambiente, além da atuação no Grupo Monteiro Aranha, Olavo investiu em negócios como a empresa EcoAqua Soluções, de saneamento industrial, e a Bioexton, de tratamento de resíduos orgânicos. Era ainda exportador de cavalos manga-larga marchador.


Eva Monteiro de Carvalho disse que o tio fará falta:


— Meu tio Olavo era uma pessoa extraordinária, com um coração enorme e cheio de bondade. Sempre nos acolhia com palavras de carinho e incentivo. Era um grande entusiasta, gostava de saber de tudo e estava sempre pronto para ajudar. Estar com ele era sempre especial. Tio Olavo vai fazer muita falta na nossa família.


Pelos amigos, Olavo é lembrado como um grande anfitrião, que recebia a todos em sua casa com alegria, seja para eventos corporativos, almoços informais ou festas inesquecíveis. Tratava a todos com a mesma gentileza, independentemente da classe social.


Mauro Ribeiro Viegas Filho, presidente do Conselho Empresarial de Infraestrutura da Firjan, de 73 anos, conta ter conhecido Olavo na adolescência, na época em que estudavam no Colégio Santo Inácio.


– Sempre tivemos ligação pelas famílias e, depois, muito carinho na atividade empresarial. Era uma pessoa muito querida por todos. Muito animado, adorava reunir os amigos.


Chiquinho Brandão, sócio-fundador da FSB, de 73 anos, que conhecia Olavo “da vida toda”, teve a oportunidade de conversar com o amigo no último domingo, quando ele estava internado, e notou sua voz cansada por já estar muito doente.


– Eu fiquei muito abalado quando recebi a notícia hoje, mas ele descansou – lamentou Brandão. – Era uma pessoa extraordinária. Sempre lidou com as pessoas de forma muito igual. Ele já era líder do Grupo Monteiro Aranha, e eu ainda não tinha nada. Ele me ajudou muito. Vai fazer muita falta.


José Antônio Nascimento Brito, presidente da Associação Comercial do Rio, de 70 anos, também descreve Olavo como um bom amigo. Para ele, era uma pessoa “do bem e de bem com a vida”.


– Você podia sentar e conversar duas, três horas seguidas com ele, que seria uma conversa inteligente, articulada e divertida – lembra Brito. – Ele deu festas magníficas em Santa Teresa. Era um embaixador do Brasil à sua maneira, trazendo pessoas de fora para conhecer o país. Inclusive, foi em uma dessas festas que a Luciana Gimenez começou a namorar o Mick Jagger. Todo mundo viu.


O presidente da Acerj ainda destaca o líder que Olavo foi:


– Tinha uma visão enorme do país e apostava no Brasil. Pensava moderno. Na associação, foi um grande conselheiro.


A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (A Firjan) expressou, em nota, seu grande pesar pelo falecimento.


“Além de um grande empresário carioca e brasileiro, Olavo Monteiro de Carvalho foi, acima de tudo, um grande pensador e um defensor da cidade do Rio de Janeiro. Como empresário, atuou em grandes conglomerados, sem esquecer o desenvolvimento socioeconômico e cultural da cidade. O Rio e o país perdem um grande brasileiro”, afirmou o presidente em exercício da Firjan, Luiz Césio Caetano.


Foi casado três vezes, com Betsy Salles, Andrea Dellal e Claudia Reali. Deixa quatro filhas e oito netos.

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