MPT tem cinco inquéritos contra Prevent Senior, incluindo assédio sexual e pejotização

Investigada na CPI da Câmara Municipal de São Paulo e no Ministério Público Estadual, a Prevent Senior também responde a cinco inquéritos no Ministério Público do Trabalho (MPT). Três deles estão no guarda-chuva de uma força-tarefa criada em setembro para apurar condutas supostamente irregulares da empresa, incluindo a pejotização, a proibição do uso de máscara e o assédio moral para a prescrição do kit Covid, conjunto de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o coronavírus.


Composta por seis procuradores do trabalho, a força-tarefa deu início às oitivas nesta terça-feira, com depoimentos de três ex-médicos da operadora e da advogada Bruna Morato, representante dos profissionais que denunciaram a empresa à CPI do Senado Federal. A ideia é terminar as investigações antes do prazo de um ano, estabelecido pela regulamentação.


Segundo o procurador-chefe do MPT-SP, João Eduardo de Amorim, o órgão busca uma solução extrajudicial, com a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que a Prevent se compromete a acabar com as práticas supostamente irregulares e reparar danos. Em caso de negativa da empresa, o órgão pode ingressar com uma Ação Civil Pública na Justiça do Trabalho pedindo a condenação da empresa e o pagamento do dano.


No mês passado, a Prevent Senior assinou um TAC com o MP-SP. O documento, que proíbe a distribuição do kit Covid, deixou de fora um dos instrumentos responsáveis por fiscalizar o cumprimento do termo.




Uma das denúncias investigadas no âmbito da força-tarefa é a ausência de fornecimento de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e a proibição da utilização de máscara no início da pandemia, entre os meses de março e abril de 2020.


— Também há denúncias de que médicos e outros profissionais de saúde, mesmo contaminados pela Covid, tinham que continuar trabalhando — afirmou Lorena Porto, coordenadora da força-tarefa, segundo a qual há um outro inquérito, fora da força-tarefa, apurando questões de meio ambiente mais amplas, como um edifício da empresa na Vila Olímpia utilizado irregularmente como hospital.


Em relação à pejotização, a coordenadora afirma que a Prevent Senior possui cerca de 12 mil funcionários registrados, dos quais apenas 15 são médicos.


— Os milhares de médicos que trabalhavam e trabalham pela Prevent Senior são contratados através de pessoas jurídicas. Porém, no momento em que temos uma denúncia de assédio moral organizacional em que a própria autonomia médica não era respeitada, isso configura uma subordinação, e havendo subordinação, não há que se falar em autonomia. Então, essa contratação através da pessoa jurídica se configura fraude à relação de emprego — explicou ela, que participou nesta sexta-feira de uma reunião com os vereadores da Câmara dos Vereadores que fazem parte da CPI da Prevent Senior.


Segundo a coordenadora, além de sonegar direitos trabalhistas que seriam devidos aos médicos, incluindo férias, 13º e FGTS, a pejotização tem implicações tributárias, visto que há sonegação de tributos federais, como contribuições previdenciárias e imposto de renda, e tributos municipais, sobretudo o Imposto Sobre Serviços (ISS).


O assédio moral, em especial pela suposta pressão da empresa para a prescrição do kit Covid aos pacientes, está no escopo da força-tarefa. Segundo Porto, os médicos também denunciam a existência de metas de atendimento acima das estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina, o que fazia profissionais a delegarem seus trabalhos a enfermeiros, como relatou um ex-funcionário à CPI da Câmara Municipal na quinta-feira. 


Há ainda um inquérito que apura denúncias de funcionárias e médicas assediadas sexualmente. Se confirmada a prática, as provas serão encaminhadas para o MP-SP, pois se trataria de um crime.


Em nota, a Prevent Senior disse que já se colocou à disposição do MPT. “A empresa considera positivas as investigações e prestará todas as informações necessárias.A Prevent Senior sempre deu todas as condições de trabalho aos seus profissionais e reafirma não ter havido coação contra médicos, cuja autonomia sempre foi respeitada.”


A Prevent Senior entrou com pedido na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para suspender a venda 27 planos de saúde atualmente oferecidos pela empresa. A decisão, segundo o CEO da operadora, Fernando Parrillo, tem como objetivo “focar os esforços em atender 550 mil beneficiários”. Ele diz que a operadora foi vítima do “sistema político”. A solicitação ainda precisa ser aprovada pelo órgão.


A operadora de saúde pretende oferecer apenas  a linha Premium dos planos, que custa em média R$ 1,8 mil. Com a mudança, a Prevent argumenta que conseguiria aumentar a sua carteira em 20%. “Se tivermos uma nova onda da pandemia, este crescimento seria maior”, diz a nota.

Veja também

'Não pode ser por baixo do pano', diz Baleia Rossi sobre orçamento secreto
Emenda Parlamentar

‘Não pode ser por baixo do pano’, diz Baleia Rossi sobre orçamento secreto

João Doria vence prévias do PSDB para disputar Presidência em 2022
Eleições

João Doria vence prévias do PSDB para disputar Presidência em 2022


Waiting..

Breaking News Breaking News

Learn More →