Nelma Kodama: Justiça portuguesa vai decidir sobre extradição de doleira

A Justiça portuguesa vai decidir nesta quinta-feira (21) se a doleira Nelma Kodama vai precisar passar pelo processo de extradição antes de seguir para o Brasil.  Agentes da Polícia Federal se preparavam para trazê-la nessa quarta-feira (21), mas como a brasileira foi presa por suspeita de tráfico internacional de drogas, um juiz vai analisar o caso antes de liberar Nelma para seguir com a PF.


O advogado criminalista Adib Abdouni, defensor da suspeita, disse ao Globo que a expectativa é de que a Justiça portuguesa analise o caso nesta quinta-feira.


De acordo com Abdouni, a defesa de Nelma esperava que a brasileira chegasse nesta quarta ao Brasil. O advogado disse que sua cliente “está apreensiva” e quer vir logo ao país natal, onde ela “ela tem como se defender”.


O advogado acrescentou que um representante da defesa de Nelma vai ao encontro dela nesta quinta-feira. A suspeita está detida no Estabelecimento Prisional de Tires, nos arredores de Lisboa.


Nelma foi presa em um hotel de luxo em Portugal nessa terça-feira (19). Ela é suspeita de envolvimento em esquema de tráfico internacional de drogas, no âmbito da Operação Descobrimento.


A operação também prendeu o lobista Rowles Magalhães, ex-namorado de Nelma. Ele está detido na Polícia Federal em São Paulo.


A investigada também é ex-namorada do também doleiro Alberto Youssef e ganhou notoriedade por ter sido uma das delatoras da Operação Lava-Jato, pela qual foi condenada a 18 anos de prisão em 2014.


— A Nelma não tem relação alguma com tráfico de drogas, ela só foi presa porque se relacionou por um tempo com o Rowles — afirmou o advogado. — Pelo que está nos autos e tive acesso, nada vincula a Nelma ao tráfico — acrescentou Abdouni.


As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento. Após inspeção, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.


A PF identificou a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países. O grupo era composto por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares, transportadores e doleiros, encarregados da movimentação financeira.




As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela justiça portuguesa. Além de mandados de buscas e apreensão e de prisão preventiva, foram decretados o sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.


Nelma foi acusada de atuar em parceria com Youssef em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões em valores da época. Depois de cumprir cinco anos de pena por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa — entre o regime fechado e domiciliar —, ela se livrou em 2019 da tornozeleira eletrônica que usou por três anos.


Endividada, a doleira chegou a montar um bazar de peças das grifes mais caras do mundo, quando devia à Justiça mais de R$ 100 milhões em multas pelos crimes de sonegação fiscal, em reparação de danos apurados pela Lava-Jato e impostos retroativos. Nos tempos de milionária, ela movimentava em um único mês cerca de US$ 200 milhões sem documentação.


Nelma foi presa em 2014 no âmbito da Lava-Jato com 200 mil euros na calcinha, quando tentava embarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

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