“O credor virou as costas para o devedor”, ministro de Lula, sobre relações entre Brasil e Cuba

Após cerca de seis anos de paralisia nas relações bilaterais, Brasil e Cuba assinarão, neste sábado (16), acordos de cooperação em áreas como produção de medicamentos e segurança alimentar. O anúncio foi feito, nesta sexta-feira, por ministros que fazem parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Lula está em Havana com duas agendas: a participação na Cúpula do G77, que é um grupo formado por 134 países em desenvolvimento, e uma reunião com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.


O credor virou as costas para o devedor. Vamos retomar esse debate e a negociação vai acontecer naturalmente. Eles [os cubanos] foram muito mal tratados nos últimos anos e agredidos — afirmou o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.


Um dos principais acordos, anunciado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, é a retomada de um projeto de cooperação que começou em 2002, mas está desde 2010. Os dois países voltarão a desenvolver produtos de forma conjunta, com destaque para a produção de medicamentos e remédios.


— O Brasil se beneficiará de um conhecimento de ponta que Cuba desenvolveu, como doenças raras. Ao mesmo tempo, o Brasi tem expertise em pesquisas clínicas e produção em escala — afirmou a ministra.




Já Paulo Teixeira destacou o momento de retomada das relações. Disse que uma das medidas que em algum momento serão discutidas com Cuba será como fazer com a dívida que o país tem com o Brasil.


A questão é que, pelo menos por enquanto, o Brasil só pode ajudar Cuba por meio de acordos de cooperação. Isto porque não é permitido ao governo brasileiro voltar a financiar um país que não está em dia com o pagamento de empréstimos tomados anos atrás, que permitiram, por exemplo, a construção do Porto de Mariel por empresas brasileiras.


A ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, citou a Embrapa como um dos instrumentos do governo brasileiro que poderão ser utilizados para ajudar Cuba, que enfrenta problemas de desabastecimento de remédios, alimentos e energia. Ela ressaltou que as relações diplomáticas entre Brasil e Cuba existem desde 1906.


Lula deverá se reunir com Díaz-Canel após a Cúpula do G77. A China para participar do evento.


A expectativa é que o presidente faça um discurso voltado para as reivindicações das nações em desenvolvimento, como a maior participação no Conselho de Segurança da ONU, a renegociação de dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e ainda cobrará dos países ricos mais recursos para o combate ao aquecimento global.


No domingo, Lula embarcará para Nova York, onde participará da Assembleia-Geral da ONU. O governo brasileiro está fechando uma lista de encontros bilaterais com o presidente, que podem incluir Joe Bide, presidente dos Estados Unidos, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia.

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