Após assinar um acordo de delação premiada em que assumiu participação no homicídio da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, Élcio de Queiroz deixou o presídio de segurança máxima do Sistema Penitenciário Federal, em Brasília. Como parte do pacto homologado pela justiça, o ex-policial militar foi encaminhado ao vizinho Centro de Detenção Provisória, no Complexo Penitenciário da Papuda, onde foi colocado em uma ala por onde já passaram outros agentes públicos e políticos.
A partir de agora, Queiroz deixa o regime ao qual era impedido de ter contato físico com visitas: no sistema federal, as reuniões com familiares ou advogados eram restritas ao parlatório (dividido por um vidro) ou a videoconferências e os encontros íntimos com namoradas ou esposas eram proibidos. Nesses ambientes, todas as conversas são gravadas em áudio ou imagem e esses arquivos podem ser utilizados em investigações.
De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap/DF), que administra a Papuda, mediante a apresentação de documentação de parentes ou cônjuges, os presos das unidades prisionais podem receber até duas visitas, às quartas e quintas-feiras, em semanas alternadas.
No caso de crianças, há procedimentos especiais a serem seguidos no Dia das Mães e dos Pais, no Natal e durante as férias escolares do mês de julho. Ainda segundo a Seape, os visitantes devem usar roupas, inclusive íntimas, e sandálias de dedo da cor branca, sem miçangas, pingentes ou fivela metálica.
Na última quarta-feira, Queiroz foi colocado em uma ala especial destinada a detentos considerados “vulneráveis”, onde já ficaram acautelados o ex-senador Luiz Estevão e o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Naquele espaço, as celas ocupam 21 metros quadrados, têm vaso sanitário, chuveiro com água quente, mesa de plástico, além de beliches.
Queiroz foi preso, em operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio, em março de 2019, em sua casa, no Engenho de Dentro, Zona Norte da cidade. No local, foram encontradas pistolas e balas de fuzil. Assim como o também ex-PM Ronnie Lessa, ele foi denunciado como executor do homicídio de Marielle e Anderson e pela tentativa de homicídio da assessora da parlamentar, Fernanda Chaves.
Na ocasião, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do MP se manifestou pela permanência dos mesmos em presídio de segurança máxima, com a separação da dupla até o julgamento. Queiroz já havia sido expulso da Polícia Militar por participação em atividades ligadas a contravenção, em janeiro de 2015.
Transferido para a Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia, Queiroz ficou nessa cadeia até junho desse ano. Desde então, foi levado a Penitenciária Federal de Brasília, no Distrito Federal, onde deu início as tratativas para o acordo de colaboração firmado com a Polícia Federal e o Ministério Público.
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