Oportunidades em domicílio

Atendimento em domicílio e delivery. Essas duas formas de atendimento ao cliente tomaram uma proporção ainda maior com a pandemia da Covid-19. Com as pessoas passando mais tempo em casa, empreendedores buscaram nos dois segmentos formas de garantir o funcionamento do negócio. Para atuar desta forma, é preciso atenção redobrada com a prestação do serviço, além de uma atuação ainda maior nos canais digitais.

Como prova do aumento destes dois modelos de atendimento, dados da Statista apontaram que houve um aumento de 155% no número de usuários de delivery e por outros serviços no Brasil, enquanto o aumento de pedidos bateu 975%.




De acordo com o analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Pernambuco (Sebrae-PE), Vitor Abreu, o movimento tomou proporção por oferecer uma praticidade maior ao cliente, juntamente com as restrições impostas pela pandemia da Covid-19.


“Isso é um movimento que já vinha acontecendo antes, até pela praticidade por parte dos clientes, sempre existiu. E o mercado vai buscando outros meios. Esse é um movimento que vai exigir uma adaptação após a pandemia, outros devem voltar para o presencial”, disse.


Atenção ao serviço

Abreu afirma que o principal ponto de atenção nessas formas de atuação é nos cuidados com o que é feito para entregar o produto ou prestar o serviço. “O empreendedor tem que estar atento, existem produtos que podem ser adaptadas a forma de entrega, é onde a gente chama atenção. Ele precisa acompanhar o movimento, adequando embalagens, método de entrega, o formato da produção, o fluxo de produção para chegar ao cliente da melhor forma. Esses são novos componentes do processo produtivo do produto”, afirmou.


O analista do Sebrae-PE orienta ainda para que os empreendedores proporcionem uma boa experiência para o cliente na prestação do serviço, além de reforçar a presença nas plataformas digitais. “Tem que ser feita uma adaptação para o cliente ter o menor impacto possível. Acima de tudo é preciso entender a experiência que existe no processo de compra do produto. Alguns estabelecimentos enviam um recado agradecendo pela compra. É uma experiência diferente. É muito importante também o uso das ferramentas digitais para isso, não tem como não pensar no delivery ou domicílio sem o digital. A inserção e a presença competitiva devem existir nos ambientes, é imprescindível”, afirmou Vitor Abreu.


 Dicas de uma boa atuação para atendimento a domicílio e deliveryDicas de uma boa atuação para atendimento a domicílio e delivery


Buffet precisou de adaptação

Uma das empreendedoras que precisou modificar a sua forma de atuar na pandemia da Covid-19 foi Viviane Melo. Ela, que tem um buffet que leva o seu nome, precisou retomar com os atendimentos em domicílio, encontrando assim uma forma de conseguir manter um faturamento.


“Sempre trabalhamos nesse modelo, trabalhávamos com o buffet completo. Com a pandemia fiquei depressiva, não sabia o que fazer porque eram muitos protocolos de segurança. Peguei o cardápio principal e adaptei para os que saem mais. Não poderia colocar qualquer coisa, tinha que ser algo apresentável, um cardápio gastronômico, olhar e dar vontade de comer. Fizemos com uma parceira e deu certo”, disse.


Viviane afirma que a procura se deu para atender encontros familiares e acredita que essa nova forma de atuar será algo que permanecerá no cardápio, que teve benefícios com a atuação nas redes sociais.


“Eu pensava que, com as flexibilizações, as pessoas iriam parar com isso, mas não, está continuando e de forma mais intensa. A forma de fazer negócio mudou, hoje é tudo pelo WhatsApp e Instagram. São raras as pessoas que vêm pessoalmente. As pessoas estão cada vez mais conectadas. Minha expectativa é voltar ao buffet completo, me divertir, cozinhar dentro de um evento. A gente sente falta dessa parte. Mas dentro desse novo cardápio, ele veio para ficar. O cliente quer conforto na sua residência, é uma nova tendência”, contou.


Viviane Melo, que tem um buffet que leva o seu nome, precisou retomar com os atendimentos em domicílioViviane Melo, que tem um buffet que leva o seu nome, precisou retomar com os atendimentos em domicílio


Lives também na estética

O dono do salão Aleixo Nails, Bruno Aleixo, foi outro empreendedor que sentiu um impacto direto com a pandemia. Com o salão fechado, ele ficou sem poder realizar os atendimentos e encontrou nas transmissões uma forma de auxiliar as clientes e reinventar o seu negócio. “Meu foco é ser instrutor e quando resolvi ser um, fiz um curso e começou a pandemia. Nisso, tudo fechou e pensei que havia perdido as conquistas. Como eu iria dar continuidade no meu salão? Foi quando começou a febre das lives. Vi que profissionais faziam lives sobre conteúdo de unha e, com a demonstração disso, pude atrair alunas e clientes. Eu demonstrei o meu serviço, o jeito que eu trabalho, e fiz com que elas tivessem confiança no que faço”, contou.


Segundo Aleixo, se não fosse o uso da tecnologia e das redes sociais, ele não poderia utilizar uma nova forma de negócio no seu salão. “Se não fosse isso eu não conseguiria me manter, e até mesmo prestar um serviço para as clientes. Nunca tive a ideia de fazer a live, os vídeos, a pandemia obrigou a me reinventar. Antes, o comércio era muito concorrido e ficou ainda mais com a pandemia. Se não fosse a rede social eu não conseguiria, foi preciso ter essa postura”, contou.


Como impacto direto, o dono do salão pretende realizar cursos online para agregar também clientes em outros lugares do País. “É algo que veio para ficar no meu negócio. Agora eu penso em fazer cursos online. Tudo serviu para eu perder a timidez, ter ideias. Eu pretendo, assim, vender para o Brasil todo a partir da minha casa, ajudando as pessoas sem que elas saiam de suas casas”, explicou.


Dono do salão Aleixo Nails, Bruno Aleixo, foi outro empreendedor que sentiu um impacto e usou das lives para manter contato com as clientesDono do salão Aleixo Nails, Bruno Aleixo, foi outro empreendedor que sentiu um impacto e usou das lives para manter contato com as clientes


Adaptações na educação

No mercado da educação, a aplicação do atendimento em domicílio também precisou de adaptações. Atuando na educação tecnológica e robótica educacional, a Creare precisou ajustar sua atuação em instituições de ensino para o atendimento em domicílio, por meio do programa EXLABi, conta a diretora Janaína de Carvalho.


“De forma personalizada, nós vimos a oportunidade de atender aqueles estudantes que querem e têm interesse em se aprofundar nos assuntos relacionados à educação tecnológica e robótica educacional. Além da possibilidade de englobar outros conteúdos acadêmicos de diversas áreas de atuação, as aulas de robótica dão muitos benefícios para os estudantes na formação”, disse.


Janaína afirma que, com o atendimento em domicílio, não só os estudantes são beneficiados, mas as famílias também, principalmente com a contribuição da tecnologia. “É uma nova oportunidade de fazer com que a educação possa ajudar os estudantes e suas famílias de uma forma diferente, estruturada e com respaldo pedagógico forte e consistente. A proposta é não só que eles aprendam assuntos ligados à educação tecnológica, mas também que se desenvolvam como cidadãos. Nós utilizamos diversos softwares, que dão suporte e fazem a diferença na construção do aprendizado do estudante”, finalizou a diretora da Creare. 


A diretora da Creare, Janaína de Carvalho, passou a atuar na educação tecnológica e robótica educacional na casa dos alunosA diretora da Creare, Janaína de Carvalho, passou a atuar na educação tecnológica e robótica educacional na casa dos alunos

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