Órgãos reguladores dos EUA se preparam para intervir e vender o First Republic Bank

Os órgãos reguladores correm para intervir e vender ainda neste fim de semana o problemático First Republic Bank, de acordo com várias fontes com conhecimento do assunto. É uma tentativa de pôr fim à crise bancária que começou no mês passado, com o colapso do Silicon Valley.


O esforço, liderado pela Federal Deposit Insurance Corp (FDIC), ocorre depois que as ações do First Republic caíram 75% desde a última segunda-feira, quando o banco divulgou que os clientes haviam sacado mais da metade de seus depósitos.


Ficou claro, na semana passada, que ninguém estava disposto a socorrer o First Republic antes de uma intervenção do governo, porque os bancos maiores temiam que a compra da empresa os sobrecarregasse com perdas de bilhões de dólares.




O FDIC tem conversado com alguns bancos, entre eles JPMorgan Chase, PNC Financial Services e Bank of America sobre um possível acordo, disseram três das fontes. Um acordo pode ser anunciado ainda neste domingo, disseram essas fontes, alertando que a situação está evoluindo rapidamente e ainda pode mudar.


Qualquer comprador provavelmente assumiria os depósitos do First Republic, eliminando a necessidade de uma garantia governamental de depósitos superiores a US$ 250 mil, o limite para seguro de depósito.


É possível que um acordo não seja alcançado. Neste caso, o FDIC precisaria decidir se tomaria o First Republic. As autoridades federais poderiam invocar uma exceção de risco sistêmico para proteger depósitos de maior valor, algo que fizeram no mês passado após as falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.


O FDIC começou a sondar potenciais compradores no fim da semana passada, quando ficou claro que havia poucas opções fora de uma aquisição do governo, disse uma das fontes. Na sexta-feira, o FDIC pediu aos potenciais licitantes que apresentassem ofertas vinculativas até domingo. Esses potenciais licitantes tiveram acesso a informações detalhadas sobre as finanças da First Republic, disse outra pessoa familiarizada com a situação.


As fontes pediram anonimato porque o processo é sigiloso. Procurado, FDIC se recusou a comentar. O órgão regulador está trabalhando com a empresa de consultoria financeira Guggenheim Partners no processo, de acordo fontes.


Os regulamentos impedem que o JPMorgan Chase e o Bank of America adquiram outro banco de depósitos devido ao seu tamanho. O Office of the Comptroller of the Currency (Escritório do Controlador da Moeda, em tradução livre) teria que conceder uma isenção se um desses bancos adquirisse o First Republic.


JPMorgan Chase, PNC e Bank of America faziam parte de um consórcio de 11 grandes bancos que depositaram temporariamente US$ 30 bilhões no First Republic no mês passado, como parte de um esforço do setor para sustentar o banco. Mas essa tábua de salvação fez pouco para acabar com as preocupações sobre a viabilidade de mantê-lo.


O First Republic, com sede em São Francisco e a maioria de suas filiais na costa, onde atende clientes ricos que trabalham em setores como tecnologia e finanças, é considerado o banco regional mais vulnerável desde o início da crise bancária em março, com o súbito colapso do Silicon Valley.


O First Republic assustou investidores e clientes novamente ao revelar na segunda-feira que havia perdido US$ 102 bilhões em depósitos de clientes, grande parte em apenas três semanas no mês passado, sem incluir os US$ 30 bilhões em depósitos que recebeu dos 11 grandes bancos. A saída foi bem mais da metade dos US$ 176 bilhões que detinha no fim do ano passado.


Como o Silicon Valley Bank, o First Republic também sofreu perdas em seus empréstimos e investimentos, pois o Federal Reserve aumentou rapidamente as taxas de juros para combater a inflação.


O First Republic esperava fechar um acordo antes de ser colocado em concordata do FDIC, porque uma apreensão do governo significaria que os acionistas da empresa e alguns de seus detentores de títulos provavelmente perderiam todo ou a maior parte de seu investimento.


Até a noite de quinta-feira, o banco e seus assessores mantiveram conversas com o governo, alguns bancos e firmas de private equity sobre um possível negócio. Mas nem o governo nem os bancos estavam interessados em tal acordo, disse uma das pessoas.


Na manhã de sexta-feira, ficou claro para todos os envolvidos que o First Republic não tinha outra opção senão uma tomada do governo, disseram as pessoas. As ações da First Republic fecharam a sexta-feira em queda de mais 43% e continuaram caindo nas negociações estendidas. Na tarde de sexta-feira, seu valor de mercado era de apenas US$ 650 milhões, abaixo dos mais de US$ 20 bilhões antes da crise de março.


Uma venda para um banco maior provavelmente significaria que todos os depósitos do First Republic estariam protegidos, uma vez que se tornariam contas no banco adquirente. Isso inclui os depósitos não garantidos, que somavam US$ 50 bilhões no fim de março – soma que inclui os US$ 30 bilhões dos 11 grandes bancos.

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