País é memória, continuidade – Um Ponto de vista do Marco Zero

O que é um país ? Conjunto de referências, valores, cultura. É história. E futuro. Este é conceito formado a partir de ideias do ex-secretário nacional de Cultura, Aloísio Magalhaes (1927-82).

É noção que harmoniza o ontem e o hoje. Referência histórica e informação cultural. Remonta a Gropius e a Mario de Andrade. Porque concilia opostos. É processo somatório. E não eliminatório. Não subtrai. Agrega. Ajusta passado e futuro. Sem ocultações.


Isto tem a ver com o artesão Amaro, de Tracunhaém. Se ele conhece bem seu trabalho, seu fazer, sua arte, pode desdobrar seu produto em outros bens. Produzir mais. E melhor.

Cultura é constituída por hábitos. Que carrega lealdade. Feita da verdade sobre fatos. E afeto a pessoas. Ou seja, verdade histórica com vínculo social. Verdade gera respeito. E afeto cria coesão. Cultura legítima inspira respeito. E concórdia entre brasileiros. Reunindo-os. Num todo. Exemplo: o filme Ainda estou aqui.  Com Fernanda Torres e Selton Mello. Sobre o desaparecimento do então deputado, Rubens Paiva.

Cultura é síntese. Entre juventude de Pedro I e experiência de José Bonifácio. Tutor de Pedro de Alcântara. É confronto. Entre a Escola do Recife, baseada no pensamento de Tobias Barreto. E a mentalidade romântica da Faculdade de Direito do Recife. Enlaçados no humanismo de Joaquim Nabuco.  

Cultura é autenticidade. Coexistência entre Brasília, cidade do século 21, e os yanomamis. Cidade do futuro e etnia em risco de extinção. Desse contraste nasce a compreensão. Reconhecendo a diversidade no coletivo. Respeitando oferta futura. Fiel à história.

O novo é etapa transformada do passado. Sendo assim, trata-se de nação certificada nos seus fazeres. Porque país é continuidade. De atos que se sucedem no tempo. Sem rupturas. Suspender a verdade é falsificar. A trajetória da nação é uma linha reta.


Em novembro de 1979, no IPHAN, em Brasília, Aloísio Magalhães fez discurso na presença do então presidente da República, João Baptista Figueiredo. Concluiu sua fala assim:

“Finalmente, presidente, gostaria de lhe entregar um objeto. Um bastão de comando ritual de nossos índios da Amazônia. No interior do instrumento está guardado o oposto da ideia de comando: é o sentimento musical tão próprio do brasileiro. A qualquer momento, que se movimente o bastão, ele produz o barulho da chuva, sinal de fertilidade, de criação. Ao mesmo tempo que é comando, é também sentimento. Essa síntese me parece própria do temperamento e da qualidade do homem brasileiro. Muito obrigado, presidente.”

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