Projeto Aurora Basketball: transformação e impacto social através da bola laranja

Unindo o desejo de transformar a realidade à sua volta e o amor pelos esportes, surgiu uma ideia: construir um espaço acolhedor em que jovens pudessem se afastar de influências ruins e da criminalidade através do basquete. 


Dessa forma, o publicitário e pastor presbiteriano João Paulo Farias criou há nove anos o Aurora Baskteball, sediado na famosa rua de mesmo nome, localizada na zona central do Recife. 




Agregando propósitos cristãos e amparo social, o projeto cresceu, tornou-se referência na área e hoje notabiliza-se como uma das principais forças do basquete pernambucano. 


“Comecei o projeto em 2016, trabalho no entorno dessa quadra (Rua da Aurora). Mas a ideia começou em 2014, inspirado nos projetos ‘Novo Jeito’ e ‘Plante Amor Colha O Bem’, que mexiam a cidade com um voluntariado, com o desejo de fazer algo para o Recife”, explicou João Paulo. 


Começo 


Muitas vezes tirando do próprio bolso ou contando com a ajuda de familiares e amigos, o idealizador tinha clareza de seus objetivos, ainda que o início tenha sido desafiador. 


“Fui Inspirado por uma frase que foi uma virada de chave: ‘não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas pergunte o que você pode fazer pelo seu país’. Então, eu queria fazer algo para essas crianças de rua ou das comunidades, afastá-los dos ambientes das drogas, chamar para quadra e vê se mudava algo”, iniciou. 


“Eu comprei uma bola e em janeiro de 2016 comecei aqui, sozinho, sem saber de absolutamente nada do que viria. Coloquei um banner convidando para uma ‘escolinha’, no primeiro dia tive quatro meninos, mas não demorou muito para ter várias crianças por aqui”, completou. 



Contudo, ainda nos primeiros meses o publicitário viveu uma situação que definiu como traumática, mas que se tornou uma virada de chave importante para o crescimento do Aurora. 


“O projeto foi crescendo de uma maneira muito orgânica. Porém, um pouco meses depois houve uma denúncia anônima para o Conselho Regional de Educação Física (CREF) e teve até a presença da polícia por aqui”, disse. 


“Esse episódio marcou o projeto, porque a princípio era eu que daria as aulas, sem incomodar ninguém, sem imaginar que chegaríamos onde estamos. Esse foi um limão que se tornou limonada, apareceram faculdades oferecendo bolsas de estudo para mim, percebi que estava errado e que precisava de um profissional da área, mas não sabia disso”. 


Crescimento


A partir de então, o Aurora passou a contar com profissionais de educação física como voluntários, dando o respaldo necessário ao programa. Atualmente são cinco professores, sendo três para os times de base e dois para a categoria adulto – equipe três vezes vice-campeã pernambucana.   


O projeto cresceu, conta com patrocínios que viabilizam todas as atividades, esportivas ou não, possuindo uma sede próxima da rua da Aurora e que dá assistência para comunidades próximas. 


“Hoje somos uma ONG formalizada, com CNPJ e todas as contas em dia. O projeto só cresceu, participamos de campeonatos, entramos no mapa do basquete pernambucano e nos tornamos reconhecidos”, afirmou. 


Frutos 


Para observar os resultados do Projeto Aurora não é necessário ir muito longe. Envoltos de um sentimento de gratidão pelo que vivenciaram, muitos jovens fazem questão de permanecer ou até mesmo retribuir, como é o caso de Gilvan ‘Caruso’ Santana, que fez parte da escolinha e hoje é um dos professores do Aurora. 


“Eu vim para o Aurora, se não me engano em 2018, buscando um lugar para treinar. Me encantei pelo projeto, foi um local que me trouxe muita experiência no basquete e onde fiz questão de me manter”, relembrou.


Além das boas histórias vividas nas quadras, o projeto proporcionou para Gilvan uma oportunidade de estudo, na qual ele consegue conciliar sendo uma via de mão dupla. 


Ex-aluno do Projeto Aurora, agora 'Caruso' retribui o que aprendeu dando aulas  Ex-aluno do Projeto Aurora, ‘Caruso’ retribui o que aprendeu dando aulas – Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco 



“Em 2022, fui contemplado com uma bolsa na faculdade, onde estou prestes a completar minha graduação em Educação Física. Desde então, estou aqui contribuindo com o projeto como voluntário, ajudando a dar treinos, trazendo um pouco da experiência do que joguei”, começou. 


“Estou aqui como voluntário, é também como eu consigo conquistar minhas horas extras da carga curricular, é uma via de mão dupla, ganho experiência, contribuindo com o projeto e ainda sou beneficiado com isso”, afirmou o treinador. 


Presente no Aurora Basquete desde a fundação, quando ainda era um menino de 13 anos, Porfírio Neto, agora um homem formado de 21 anos, celebrou todas as oportunidades que o projeto lhe ofereceu, como a primeira viagem de avião, que está sendo custeada por um dos patrocinadores, para São Paulo, onde presenciará uma corrida de automóveis em Interlagos. 


Porfírio Neto, aluno do Projeto Aurora Basquete Porfírio Neto, aluno do Projeto Aurora Basquete  – Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco 


“O Projeto Aurora ajudou muitas crianças da comunidade [Santo Amaro], estou desde o início, sei da importância que o esse programa tem para todos que podem estar aqui. O basquete ajudou muito na minha vida, se não fosse o projeto eu poderia ter ido para outro caminho, mas graças a Deus tive esse espaço”, contou.


“O projeto já ajudou muita gente, tanto do tipo de oportunidade que eu vou ter (primeira viagem de avião), como também de ajudas com cestas básicas nas comunidades. Também recebi a chance de jogar campeonatos que eu nunca imaginei em participar”. 


As aulas são abertas ao público de maneira gratuita, as segundas e quarta-feiras, das 15h às 17h, sempre na quadra da rua da Aurora, em frente à Rede Globo. Doações podem ser feitas através do link . 

 

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