Projeto leva esgrima à escola pública do Recife, no Vasco da Gama, e amplia o acesso ao esporte

Com o objetivo de democratizar o acesso a esportes pouco convencionais, a Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio (Erefem) Gilberto Freyre, localizada no bairro de Vasco da Gama, na Zona Norte do Recife, está promovendo aulas de esgrima para seus estudantes.


O projeto foi idealizado pelo professor de educação física Daniel Menezes e tem foco no desenvolvimento físico e emocional dos alunos, aliando a prática esportiva a valores como disciplina e hábitos saudáveis.




A iniciativa começou a ser planejada ainda em 2024, após uma proposta da Gerência Regional de Educação (GRE) Recife Norte, que incentivava os professores a inserirem diferentes modalidades esportivas nas escolas. 


Alunos de escola pública no Recife praticam esgrima | Foto: Demison Costa/Divulgação


Inspirado pela proposta, Daniel escolheu a esgrima como alternativa para fugir do comum.


“Gosto de poder oportunizar aos meus alunos diversas vivências práticas relacionadas à educação física. A esgrima, por exemplo, é prevista no currículo de Pernambuco como unidade temática de lutas dentro da Educação Física e é um esporte pouco acessível. A intenção de criar esse projeto foi realmente democratizar e dar acesso aos nossos estudantes a esta modalidade”, frisou Daniel.


A ideia foi prontamente acolhida pela gestora da escola, Lucineide Valeria Ribeiro, que viu no projeto uma chance de romper com a lógica tradicional dos esportes escolares.


“Quando o professor Daniel trouxe essa sugestão, achei muito diferente, porque geralmente os projetos envolvem esportes mais populares, como o futebol. Mas ele queria algo novo, criativo, que realmente fizesse a diferença. E eu acredito que devemos proporcionar essas oportunidades, independente do contexto da escola. No começo, a esgrima parecia algo distante para mim e ainda mais para os estudantes, mas por que não apresentar essa modalidade para eles? Apoiei totalmente a iniciativa e disse a ele que teria carta branca para levar adiante”, destacou a gestora.


Com o projeto aprovado, as aulas começaram já no início do ano letivo de 2025. Um dos principais desafios enfrentados foi a obtenção dos materiais necessários para a prática do esporte, devido ao alto custo dos equipamentos. 


Práticas foram iniciadas neste ano | Foto: Demison Costa/Divulgação 


Para viabilizar o projeto, Daniel recorreu à Confederação Brasileira de Esgrima, que se mostrou solícita e forneceu os itens essenciais, como espadas, máscaras, luvas e vestimentas específicas.


“Tive a oportunidade de atuar na Federação Pernambucana e na Confederação Brasileira de Badminton, o que me permitiu criar laços e amizades com federações e confederações de outras modalidades. Esse network facilitou com que a gente solicitasse esse material para a Confederação Brasileira de Esgrima, que prontamente nos forneceu os equipamentos necessários para dar seguimento ao projeto e podermos desenvolver os meninos na modalidade”, disse Daniel.


Entre os estudantes impactados pelo projeto está Lincoln Nascimento, do 2º ano do ensino médio, que agarrou a chance de praticar um esporte que antes via apenas pela televisão.


“Minha primeira impressão foi que seria uma nova oportunidade para mim. É uma modalidade que já acompanhei em Olimpíadas e Jogos Pan-americanos e sabia que seria algo que vai me agregar bastante. A esgrima não é comum de ter em escolas públicas e, assim que eu tive essa oportunidade, agarrei. Poder praticar esse esporte aqui na unidade é algo único. Sei que outras pessoas gostariam de ter essa oportunidade. Então, tenho aproveitado bastante e têm sido muito proveitoso para mim e para os meus colegas do projeto”, disse Lincoln.


A estudante Maria Vitória Silva, também do 2º ano, encontrou na esgrima uma oportunidade de voltar a praticar esportes de combate, pelos quais sempre teve paixão.


“Eu sempre gostei de esportes de luta. Já pratiquei jiu-jitsu, karatê, taekwondo e judô, mas a esgrima foi uma surpresa que me despertou de novo aquela vontade de competir. Quando o professor falou que ia ter, eu me interessei na hora. É um esporte muito técnico e bonito. A gente, desde o início do projeto, foi pesquisando mais sobre a modalidade para entender melhor. Achei muito legal a escola trazer uma coisa nova assim. Tomara que outras unidade de ensino também tenham essa chance.”


O projeto conta, atualmente, com 20 estudantes, com treinamentos às quintas e sextas-feiras no contraturno escolar.


A iniciativa também garantiu à escola uma vaga nos Jogos Escolares de Pernambuco (JEPs), que passam a incluir a esgrima entre suas modalidades individuais em 2025.


Com a boa aceitação entre os alunos, a direção pretende realizar uma seletiva interna e incluir a esgrima nos Jogos Internos da escola.

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