Risco de violência de gênero aumenta para mulheres deslocadas, diz Acnur

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) alerta sobre riscos arrasadores que pairam sobre as mulheres e meninas, obrigadas a fugir das suas casas devido a situações de conflito.

O temor é o de que milhões destas pessoas não consigam acessar serviços críticos por falta de fundos.

Recursos financeiros

O Acnur dispõe de seis planos regionais de resposta aos refugiados na ordem de US$ 236 milhões para cobrir necessidades humanitárias na República Democrática do Congo (RDC), no Afeganistão, no Sudão, na Ucrânia, no Sudão do Sul e na Síria. Destes planos que preveem programas para a violência baseada em gênero durante todo o ano, apenas 28% foi financiado até o momento.

Mais de 60 milhões de mulheres e meninas nestas condições ou apátridas enfrentam riscos elevados de violência baseada em gênero. Dados indicam que os relatos de violência sexual relacionada a conflitos subiram 50% entre 2022 e 2023, e 95% dos casos verificados seriam desse grupo.

Uma família sudanesa se abriga em um ponto de entrada de refugiados perto da fronteira do Chade com o Sudão (Foto: WFP/Eloge Mbaihondoum)

Para a porta-voz do Acnur, Shabia Mantoo, estes números são uma pequena fração da realidade, e muitos casos destas abomináveis ​​violações e violência que afetam a saúde, dignidade, segurança e autonomia das mulheres e raparigas.

Em muitos locais remotos, o acesso humanitário é interrompido, os recursos e a assistência são escassos, o acesso à justiça continua limitado e os sobreviventes temem a retaliação e marginalização social.

Violência sexual

Nas zonas de conflito, as vítimas descrevem situações de horror, caracterizadas pela tortura, exploração e violência sexual, às vezes, como arma de guerra. Na RD Congo, há relatos de situações insuportáveis nas quais o corpo das mulheres e meninas tornou-se uma extensão do “campo de batalha” em meio a violência cíclica e o agravamento da insegurança.

No Chade, fala-se de violações sexuais contra mulheres que fogem do conflito no Sudão, enquanto no Afeganistão assinala-se que as crescentes restrições impostas às mulheres e meninas, as elevadas taxas de violência doméstica e o agravamento da situação econômica estariam contribuindo para uma crise de saúde mental.

As estimativas humanitárias dão conta de que 90% das mulheres que se deslocam ao longo da rota migratória do Mediterrâneo são violentadas. Os ataques incluem violência e exploração sexual, escravidão e tráfico humano.

Riscos adicionais

Shabia Mantoo conta que as sobreviventes de violência sexual que fogem para países vizinhos permanecem muitas vezes em situações precárias, devido aos riscos adicionais de violência de gênero que podem enfrentar durante o deslocamento e os atrasos no acesso aos serviços, que podem ser limitados.

Em certos locais, estima-se que os riscos sejam 20% menores nas mulheres não deslocadas em relação as deslocadas à força que enfrentam também riscos elevados de violência entre parceiros íntimos.

Nas mulheres com deficiência, vivendo na pobreza ou que tenham orientações e caraterísticas sexuais diversas, identidades e expressões de gênero, acredita-se que os riscos sejam aumentados pelas formas cruzadas de discriminação.


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