Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
Em 2023, o mundo registrou, pela primeira vez, uma queda no número de emissões de dióxido de carbono, causadas pelo setor da construção.
Em meados deste mês, o “Relatório de Status Global de Edifícios e Construção 2024-2025 – Não apenas mais um tijolo na parede” mostrou que a intensidade energética do setor de construção foi reduzida em quase 10%, enquanto a participação da energia renovável na demanda final de energia aumentou cerca de 5%.
Construção de metade dos edifícios até 2050 ainda não começou
Ainda que o setor seja um dos maiores causadores da crise climática, a tendência traz esperança. A constatação é do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Aliança Global para Edifícios e Construção (GlobalABC), que assinaram o relatório.
O setor da construção consome 32% da energia global e contribui para 34% das emissões globais de CO2. Porém, como quase metade dos edifícios mundiais só serão erguidos até 2050, a adoção de códigos de construção ambiciosos em termos de energia pode ajudar a mitigar o problema.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), um número crescente de países está atuando para descarbonizar edifícios, mas o progresso lento e o financiamento colocam em risco as metas climáticas globais.


Códigos de energia precisam de renovação
A análise anual do setor de edifícios e construção destaca os avanços em relação às metas climáticas globais relacionadas ao setor e pede maior ambição em seis áreas, incluindo códigos de energia para edifícios, energia renovável e financiamento.
A proposta do documento é que os principais países emissores de carbono adotem códigos de energia de construção com zero carbono até 2028, a ser seguido por todos os outros países até 2035.
Os códigos de construção e a integração de planos de reforma na apresentação contínua de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) são essenciais para alcançar o compromisso global de eficiência energética e energias renováveis anunciado pela COP28.
A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, lembra que os edifícios onde se vive ou trabalha são responsáveis por um terço das emissões globais e um terço dos resíduos globais.
COP30 no Brasil deve adotar planos ousados
Para ela, a boa notícia é que as ações governamentais estão funcionando. Mas é preciso mais rapidez e que todos os países incluam planos de reduzir velozmente as emissões de edifícios e construções nas suas novas NDCs.
Medidas adicionais, como práticas de construção circular, aluguéis ecológicos, modernização de edifícios existentes com eficiência energética e priorização do uso de materiais de baixo carbono podem reduzir ainda mais o consumo de energia, melhorar a gestão de resíduos e reduzir as emissões em geral.
Finalmente, todos os governos, instituições financeiras e empresas precisam cooperar para dobrar o investimento global em eficiência energética de edifícios de US$ 270 bilhões para US$ 522 bilhões até 2030.
A adoção de medidas de Responsabilidade Estendida do Produtor e práticas de economia circular incluindo maior vida útil dos edifícios, melhor eficiência e reutilização de materiais, reciclagem, design passivo e gerenciamento de resíduos são fundamentais para ajudar a superar as falhas no financiamento, enquanto os programas de desenvolvimento da força de trabalho são essenciais para preencher as falhas de qualificação no setor.