As vendas do comércio varejista brasileiro fecharam o primeiro semestre deste ano com alta de 1,4% frente ao mesmo período de 2021, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, divulgados nesta quarta-feira. Mas o resultado indica uma perda de fôlego do setor. Na passagem de maio para junho, porém, a atividade recuou 1,4%.
É a segunda queda seguida do varejo brasileiro na variação mensal. Sete das oito atividades investigadas pela pesquisa apresentaram retração em junho.
Endividamento das famílias, inflação elevada e juros altos
O setor varejista tem a inflação, ainda no patamar de dois dígitos, como um dos principais entraves para um desempenho robusto do setor este ano. Além disso, a inadimplência em nível recorde torna difícil para as famílias brasileiras realizarem se comprometerem com novos gastos.
Quase 80% das famílias brasileiras tinham dívidas em julho, o maior índice já registrado nos últimos 12 anos, de acordo com levantamento da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Perspectivas
A expectativa dos analistas para o comércio varejista não é animadora neste ano. O setor enfrenta ainda a escalada dos juros que encarece o crédito às empresas e às famílias.
Por outro lado, economistas avaliam que os saques nas contas de FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS e os estímulos fiscais concedidos pelo governo – como o aumento de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil, o pagamento de auxílio para caminhoneiros autônomos e o vale-gás para as famílias – podem sustentar o consumo no terceiro trimestre deste ano.
O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do FGV IBRE recuou 2,8 pontos em julho, ao passar de 97,9 para 95,1 pontos.
“É possível que a as medidas recentes de estímulo adotadas pelo governo ainda sustentem o nível presente da demanda por mais alguns meses. Mas a inflação e juros em patamares elevados e os baixos níveis de confiança do consumidor devem segurar uma retomada mais consistente do setor”, avalia Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.
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